Sobre Manoel Monte

Por Nemilson Vieira de Morais (*)

Ao ler o livro 'Lampião a Raposa das Caatingas', de José Bezerra de Lima me veio o desejo de compartilhar ao leitor, um pouco sobre Manoel Monte… um dos muitos registros dessa obra sobre, cangacologia nordestina.

Laurindo, o pai, cearense, tinha parentes em Alagoas, nas cidades de Mata Grande, Penedo e também em Propriá, resolveu deixar o Ceará e se juntar à estes.

Comprou um terreno (Baixa do Gado) nos termos de Aquidabã e se estabeleceu por lá. — Com a esposa Josefina (Fina), dos 13 filhos que tiveram, Manoel Monte era o mais velho.

Pelo visto desde rapasote já dava serviço à polícia…

Em 1910, fora preso e dormiu amarrado na cadeia de Gameleiro; no dia seguinte, na sela onde estava só restou a corda, e os nós (e nada de Manoel).

Não conseguiram mais, pôr a mão no danado do homem.

Numa certa altura da vida, deu de “viver às turras com os parentes”…

Em desavenças, por questões de herança, alguns desafetos de Manoel, se ajuntaram para dar cabo à sua vida.

Bem armados foram à casa dele e não o encontraram. Então, "tiraram a vida de Flor (Fulô), a esposa e feriram o Beijo, seu filho; o garoto reconheceu os homens e contou tudo ao pai…"

Na ocasião da tragédia Manoel estava em viagem. Ao retorno, diante do ocorrido, saiu do sério, comprou um rifle, virou justiceiro…

Foi à procura dos criminosos, e eliminou um, a um. Ganhou a caatinga, abraçou a vida cangaceira…

A polícia ia para cima dele, mas, não lograva êxito, pois, Manoel, com o auxílio de valentes cabras que havia arregimentado sempre escapava, botava o terror…

“Sobreviveu dezenas de combates e emboscadas”.

Diziam que Manoel Monte tinha o “corpo fechado”, “se envultava”, pelas orações fortes que sabia.

É contado “que certa vez ele se deparou com uma força da polícia e como não teve tempo de fugir o jeito que teve foi se transformar em um toco.

Os soldados passaram, e o que ia atrás parou para urinar — justamente no toco — e depois foi embora sem saber que havia mijado na daquele que tanto procurava…”

“Passada a fase brava, Manoel foi residir em Monte Alegre, onde era respeitado — e temido. Sua casa ficava bem, no fundo da igreja”.

Depois dos muitos embates policias, livramentos, e outros desafios da vida…

Manoel Monte, em morte natural partiu deste mundo “em, 1937, aos 55 anos de idade”.

*Nemilson Vieira, Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.

(15:03:22)

Texto com base nas narrativas de José Bezerra, no livro "Lampião, raposa das caatingas", páginas 53 e 54, quarta edição.

Nemilson Vieira de Morais
Enviado por Nemilson Vieira de Morais em 15/03/2022
Reeditado em 20/06/2024
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