TEMOS ESPERANÇA?
Esperança!, dizem-me aos gritos esgoelados e ansiosos, - que é dela? - pedem-me com pesadas e tristes lágrimas escorrendo nas faces. Mas como, se não a tenho porque morreu, - morreu ? - ou foi roubada, dilacerada, esquecida? Não a encontro, caso ainda persista, não a distingo entre os diversos sentimentos liderados pelo medo que o mundo sente. Ainda assim, por instantes, pensei-a assustada bem lá no recôndito de mim, nalgum pequenino espaço do coração, enroscada em si mesma e tomada pelo pânico. Negativo. Não, nem lá.
Mas a esperança é tão sabidamente leve e murmurante, capaz de nascer alvissareira em todos os corações e se agigantar triunfante...por que se demonstra agora intangível? A indagação me vem da amargura emanada dos que sofrem. Então respondo: por causa de alguns homens torpes e sua ganância, porque esses desalmados se julgam donos de seus semelhantes e de suas almas, porque os tais poucos gananciosos cruéis tolhem seus desejos mais comezinhos, impedem que desfrutem a liberdade. Matam-nos e aos seus sonhos. Eis os motivos.
Então, definitivamente você desistiu da esperança?, tornam a perguntar. Jamais!, retruco categórico. Apesar de toda maldade, da ignomínia e da crueldade de tantos, resquícios dela flutuam sob o sopro calmo da brisa. São apenas cinzas, certamente, mas estão em movimento e se reagrupam, delas mesmo, titânica, busca renascer. Como a Fênix.