Largada?
Não vou te largar" essas são as palavras, uma, duas, três , quatro palavras que martelam na minha mente. Largar... Como se eu fosse uma coisa, um objeto que pudesse ser sumariamente descartado, logo que não servisse pro seu real propósito. Algo largavel, por ai... Como uma meia furada que não te serve mais, porém você tem apego emocional e por isso não vai jogar fora. Também não irá usá-la, o que resta são lembranças de coisas boas que você viveu. A meia é algo largavel, algo jogável fora, porém você escolheu não fazê-lo.
Eu deveria me sentir amada por não ser largada? Eu deveria entender isso como um ato de amor verdadeiro? A escolha de me largar está aí pairando sob a cabeça como uma libélula na beirinha de uma lago. Ela sobrevoa, observa, sonda, e pode ou não entrar na água. Como você vai saber? Como eu vou saber? Escolher não me largar é me amar? E se for, porquê não me sinto amada? O erro está em mim? Quero demais? Cobro demais? Falo demais? Sou exageradamente demais, pra você, pro mundo, e até pra mim mesma.
Sou demais no sentido ruim e no bom. Queria ser insossa, queria ser daquelas que passam despercebidas, se agarram a pequenas alegrias, pequenas mentirinhas que contamos a nós mesmas pra conseguir seguir em frente.
Entretanto, eu sou algo exagerado, que transborda, que assume posições, algo demais. E você não suporta isso, apesar de isso ter feito você supostamente se apaixonar por mim...
Agora a opção de me largar já passa pela sua cabeça, e você me adverte que não irá faze-lo apesar de poder e talvez querer, naqueles momentos que você acredita piamente que não precisa disso, que merece muito mais. Nesses momentos eu sou a meia, aquela velha e usada que você deixou no fundo do seu armário.