O HOMEM DAS 6 CANETAS

Tive um vizinho advogado com curioso hábito: estava sempre com 6 canetas no bolso da camisa.

Podia ir encontrar um cliente, comprar pão ou arrancar uma erva-daninha no jardim, não importava.

Colocava sempre as tais canetas lá.

Eram duas azuis, duas pretas e duas vermelhas.

Nunca tive coragem de lhe perguntar o motivo dessa abundância canetal, que imagino eram para alguma emergência, tipo assinar a salvação da humanidade e, naturalmente, não poderia correr o risco de a Bic falhar.

Talvez se quisesse cutucar as duas orelhas, os dois buracos do nariz, a boca ou outro orifício ao mesmo tempo precisaria, portanto, de equipamento adequado para uso simultâneo.

Acho que não era nada por aí.

Na qualidade de proeminente conhecedor das leis do Direito, com suas curvas e ciladas, tinha que exibir uma erudição que não deixasse a menor dúvida da profundidade de conhecimentos que a vida lhe brindou.

As 6 canetas no bolso eram o atestado incontestável de que atingiu o mais alto patamar de capacidade cerebral, algo que certamente faria Einstein revirar no túmulo se mordendo de inveja.

Assim quem o encontrasse não teria a menor dúvida de que estaria diante de alguém com QI privilegiado, estratosférico, devendo fazer a reverência protocolar como se estivesse, no mínimo, diante da rainha da Inglaterra.

Data Vênia!

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 09/03/2022
Reeditado em 09/03/2022
Código do texto: T7468947
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