OH DEUS!
As guerras, sem dúvida, são a maior ignomínia humana, o seu lado mais tacanho, cruel e selvagem. O sinônimo mais adequado e perfeito para ela é a palavra morte. No seu desenrolar, à medida que prosseguem intensas e ferozes, o lado mais bestial da humanidade é revelado e exposto como uma ferida pútrida, como um tumor pestilento.
Tudo é destruído ao longo do horror das guerras, mormente a dignidade de quantos sofrem os revesse lamentáveis de seus dias. Na verdade, ninguém ganha com elas, a perda é geral e irrestrita, embora saibamos, no entanto, que os promotores dessa estupidez, cuja participação nelas é zero, pois dão ordens para matar e morrer enquanto estão longe, alcançam seus pérfidos objetivos quando assassinam e destroem o suficiente e seu oponente se ajoelha, já completamente esfarrapado, e se oferece à rendição.
Se os poetas pudessem certamente decretariam o fim eterno de todos os conflitos armados e ordenariam a paz perene no planeta. O ideal seria, na ótica poética, um mundo onde a convivência prescindisse das armas, os povos de língua e cultura diferente se comunicassem através do sorriso e do aperto de mão, jamais havendo qualquer motivo, nem o mais ínfimo, para pegar em armas. Bem quiseramos uma humanidade dócil e amiga, onde os valores imprescindíveis e todas as virtudes se amalgamasem para determinar o jeito humano de ser.
Para além desse belo sonho, porém, brotam a ambição e a ganância, então vem o desejo de tomar pela força os preciosos bens alheios, de invadir a privacidade territorial de outrem com vistas a roubar tudo, até mesmo a própria vida dele e dos seus. Com a guerra vem as mortes, a agonia, o terror, a orfandade, o tudo que somente o mal pode causar. Ainda que os homens de boa vontade protestem pela paz, oh Deus!, aqueles dominados pela crueldade vencem no fim. E matam furiosos, e incendeiam às gargalhadas, e provocam o caos e a dor. Oh Deus!