Bob era um homem cego que eu encontrei quando fui voluntária numa Casa de Repouso. Ele sempre elogiava a comida, não importava que comida fosse.
Quando eu me aproximava de sua mesa, para servi-lo, ele dizia:
- Maria, como está você?
- Como você sabe que sou eu Bob?
- Pelo seu andar e seu perfume.
- Hoje tem frango com arroz e pure Bob.
- Que delicia! - ele respondia.
(Mas nao era especificamente o frango com o pure... todos os dias ele dizia a mesma coisa...)
E sempre me perguntava como estava o tempo lá fora. Quando eu dizia "Está nevando hoje Bob" e ele respondia: "Que bonito!"... ele era cego, mas tinha um coração que podia sentir a beleza da vida, aquelas coisas que Deus faz para compensar a dor.
Quando voltei de férias ele nao estava mais lá. . Mas eu vi o Mike que estava sempre com ele, e eles costumavam fumar lá fora. Então o Mike disse para mim: "Ele voltou para a casa do filho. Você sabe como eu o conheci? Um dia eu estava passando no corredor e ele me reconheceu pela voz. Tinhamos sido amigos quando e estudamos juntos na escola quando adolescentes e eu nao o reconheci.
Mike nao era velho, mas estava nesse Asilo com ajuda Psiquiatrica porque havia tentado se jogar do décimo andar do prédio que morava. Eu disse: "Aposto que você sente falta dele". Ele respondeu: "Sim, ele não esta aqui mais, mas ele me ensinou a ver a vida através de seus olhos".
Bob entrou na vida do Mike para deixar para ele uma lição de vida, e se foi....que bonito...
Nessa foto acima, o Bob é o de camisa branca e bonézinho e o Mike ao seu lado de camisa xadrez.
E com a Laura, minha velhinha preferida, eu conheci o lado de alguem que nao podia ouvir mais. E depois do almoço eu ficava sentada com ela "conversando" (eu escrevia - e ela respondia falando). Quanto ela esperava esse momento! (E eu também). Através de Laura aprendi a ouvir o mundo com mais paciência alem de olhar a vida pelos olhos do Bob.