O NÚMERO UM

Sempre pratiquei esportes, mormente o futebol.Não obstante , nunca fui “bom de bola”, embora tivesse verdadeira paixão por esse jogo. Tanto é assim que jogava no gol. Goleiro é a mais ingrata e rejeitada das posições. Ninguém quer jogar... Sobra sempre para aqueles que não têm grande habilidade com a bola nos pés.

Tanto fui obrigado pelas minhas limitações técnicas a jogar nessa posição, que acabei por gostar. Mais do que gostar desenvolvi, com o passar do tempo, um bom conhecimento de como desempenhar a minha função, além de senso de colocação para compensar a minha estatura mediana.

Segundo cronistas esportivos, a posição de goleiro além de diferenciada, tem alguma coisa de maldição: - “onde o goleiro pisa não nasce grama”, dizem... Em compensação, é o único dos jogadores que pode tocar a mão na bola na sua área sem qualquer problema.É, portanto, um ser especial, diferenciado, privilegiado. Todavia não pode errar, porque leva essa “grande vantagem”...De herói a vilão é só um “pulinho”

E não é só isto. Até seu uniforme é diferente, requer além dos petrechos comuns, um par de luvas e camisa de mangas compridas. Em times profissionais o goleiro é sempre o mais exigido nos treinamentos, dispondo de treinador particular (geralmente um ex-goleiro).

Mesmo com tudo isso, com todos esses cuidados, a maioria dos atletas que escolhem essa posição, até os mais famosos e categorizados, guardam uma coisa em comum, não demonstram habilidade quando se trata “de jogar com os pés”. São poucos, raríssimos mesmos, os exemplos daqueles que têm alguma técnica quando são chamados a intervir neste

particular, geralmente nas “bolas atrasadas” pela defesa.

Dessas exceções à regra, permitam-me citar o Rogério Ceni (São Paulo F. C.) que demonstra ser goleiro por opção. Entre os famosos no Brasil não consigo lembrar-me de mais ninguém. A maioria “é um desastre” quando necessita usar os pés ( incluindo os atuais goleiros da seleção brasileira).

Já no futebol do exterior, lembro-me do goleiro da seleção paraguaia Luiz Chilavert, do colombiano Higuita, do mexicano Jorge Campos, verdadeiros malabaristas com a bola nos pés. Mais ninguém...

Quanto a mim, sempre me senti resignado com o meu “fardo”, pois sabia que não era a exceção. Muito ao contrário, era a regra. Não obstante, sempre me considerei privilegiado, pois como todo goleiro era o “primus inter pares”, o número 1 (um).

EMILIO CARLOS ALVES
Enviado por EMILIO CARLOS ALVES em 22/11/2005
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