O Galo Não Madrugou
Ei pessoal, ei moçada o carnaval começa no Galo da Madrugada?!
O carnaval não começou, aliás ele foi impedido até de ser projetado.
Aconteceu o inesperado, o que nem a cólera, a dengue, a tuberculose, o HIV todos esses males que assolaram e assolam a humanidade foram capazes de promover, e mesmo que a ousadia dos brincantes sempre ultrapassou os muros do convencional, e com irreverência exploram temas importantes.
Porem no meio disso tudo, e com data registrada, período pós carnaval 2020, foi detectado o Covid no Brasil, e os hábitos precisaram ser diferentes de maneira incisiva e como nunca, responsável.
Hoje é sábado de Zé Pereira, o galo de milhões de seguidores, recorde batido antes mesmo do Instagram, foi adormecido, não ganhou forma nem cores, não chamou para vê-lo, gente do mundo inteiro, nem desfrutará da companhia da Elba Ramalho, da Fafá de Belém, da Nena Queiroga, da Gabi Amarantos, nem dos cabra bom da peste de cantar o frevo, como Alceu Valença, Marrom Brasileiro, Almir Rouche, André Rios, Claudionor Germano...
O carnaval do Recife passará angustiado, até porque muitos dos foliões não se encontram mais em vida para vestir a fantasia e brindar a vida com alegria.
Hoje o percurso do galo dá passagem para outra causa, a das milhares de pessoas vítimas, sequeladas, órfãs por esta abominável doença que se espalhou nos cantos do mundo, e por sua vez, universaliza um desejo, a cura, o controle, a liberdade.
O consolo para os tantos foliões que não se realizarão na festa folclórica tão esperada é que o carnaval é feito de gente, gente que luta, que está tentando se equilibrar na corda bamba, meninos e meninas que ainda estão crescendo, engateando na vida, senhores e senhoras que se vestem de meninos para recordar os áureos tempos.
Foliões cidadão, foliões das multidões que também carregam no coração o compromisso de tornar a vida leve, de fazer algazarra saudável para depois voltar ao batente, e retomar a sua jornada com mais determinação, com a mente desintoxicada de estresse.
O Galo não madrugou, mas quem está de plantão permanente são os cidadãos, e nesse momento lutam para se estabelecer, para curar suas aflições, para amenizar as lacunas causadas pela pandemia do corona vírus.
A folia é só a consequência, então que ela seja lembrada, preservada nos corações, e que na mente hoje esteja acesa a chama da superação.
Agora a fé é a base, a causa das motivações benfasejas, e doença nenhuma pode destruir, porque é fonte viva que se estabelece no íntimo de cada pessoa.
CarlaBezerra