Como descrever as cores a um cego

Certa vez, numa praia, sob a luz das estrelas.

Eis que um cego se sentou ao meu lado e disse:

— Eu gostaria de ver o mar.

Senti pena dele por não poder ver as estrelas.

Então, tive a ideia descrever as cores para o cego:

— O azul tem cor de frio, é paciente como a imensidão.

O cego riu e disse: — Nunca me descreveram as cores assim.

— O amarelo tem cor de alegria.

— O vermelho?

— O vermelho tem cor de calor, paixão, às vezes de raiva.

— O preto? — Perguntou curioso o cego.

— O preto você pode ver!

— Eu não posso ver cor alguma — disse o cego.

— Talvez você tenha razão — respondi.

— Mas por que acredita que eu veja o preto?

— Porque é a cor que vejo quando fecho meus olhos.

— Entendo.

— O preto tem cor de mistério e silêncio.

— E o branco?

— O branco é o contrário do preto, tem cor de luz, é brilhante como as estrelas.

O cego sorriu.

— Você ficou amarelo.