Uma janela para o passado
Fecho meus olhos e vejo o mar azul. Gaivotas voando num céu com poucas nuvens, refletindo as cores vivas, o amarelo do sol impera. No cenário, coqueiros por toda parte e uma praia afastada onde brinco com os meus amigos de infância. Hoje, homens com suas esposas e filhos e filhas. Meu cachorro, ainda vivo como eu, late. É um latido carinhoso, como sempre! Ele é pura alegria, como foi minha infância.
Entre as muitas jovens mulheres que conheci, uma delas aparece nesta janela com maior presença. O nome não importa. Importa que ela me acompanha dentro do meu coração, sempre!
Há momentos de brigas. Quem é o melhor nisso ou naquilo, mas no fim apertamos as mãos e seguimos nossas vidas.
Não quero fechar essa janela, ela é uma vista panorâmica dos melhores momentos da minha vida. Não que agora não seja. Estar vivo já é uma dádiva. Tenho novos velhos amigos, são poucos, mas são os melhores.
Meus filhos podem ser vistos por essa janela; crescendo, se tornando homens. São alegres e divertidos, como eu era nas areias das praias que visitei no decorrer da minha vida. Queria que estes momentos se eternizassem. Mas sei que tudo tem um fim, e o meu está próximo. Procuro coisas para fazer que façam sentido na vida, como nos tempos de criança e adolescência. Onde tudo era intenso. Sentimentos fortes que iam e vinham. Era a vida que corria, como num filme que se desenrolava, cena a cena. Hoje, tenho consciência do que é ser protagonista. Antes não pensava, apenas agia.
A noite vem chegando, e não é como nos velhos tempos, que eu saia na escuridão a procura de luzes ofuscantes, agora tenho uma lanterna e procuro lugares certos, onde possa estar seguro e apreciar o momento sem pressa. Os amores se foram, a maioria dos amigos também. Mas eu não quero fechar a janela. Ainda há um pouco de luz, e agora tenho a lanterna que posso direcioná-la ao passado, onde coisas incríveis aconteceram, então abro os olhos e fecho a janela, e começo a pensar no futuro que ainda está por vir...
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