A MENTE CRIATIVA DO ESCRITOR

Sem qualquer sombra de dúvida, o escrever nos exige sonhar, não meros sonhos pequenos e singelos, mas devaneios multicoloridos fascinantes, talvez, e até com vistas a diversificar, também pesadelos intrometidos que pincelem um pouco a serenidade com tons sombrios capazes de emocionae e causar suspense. E essa utopia inicia quando montamos com paciência e cuidado no cavalo selvagem da imaginação e saimos em desenfreada disparada, rédeas soltas, pelas pradarias, planícies e florestas da criatividade. Na cavalgada o animal resfolega, cansa por vezes, as patas arranhando o chão das descobertas do imaginário, chega a desanimar aqui e ali, contudo ele jamais pára enquanto não alcançar o seu destino. Então surgem os personagens, as histórias, os dilemas, os dramas, os romances, as poesias, a vida na ficção e no lirismo.

Apesar do intenso alvoroço dessa jornada no lombo indocil do fustigante animal imaginário, sendo ele nada mais do que nossa própria mente em ebulição, a alma do escritor necessita do silêncio da relva e das árvores, do sossego dos pássaros adormecidos em seus ninhos, da calmaria das alcovas trancadas, da triste solidão dos eremitas e da angústia de se sentir abandonado pela humanidade para gerar uma obra. Em seu interior, quem romanceia a saga humana luta contra mil leões e inúmeras tempestades, ao seu redor, no entanto, tudo precisa da serenidade e do mutismo para não atrapalhar a guerra que se desenrola em sua mente, batalha que, ao fim, tem somente um vencedor: o leitor.

Por tal razão, ante as incontáveis dificuldades das quais tem que se desvencilhar para atingir o colimado, por certo muito do próprio escritor se expõe em seu trabalho, como as experiências, as convivências, as alegrias, as tristezas, os traumas do longo da vida, os amores e dissabores, os quais ele recria na odisseia por que passam os protagonistas do texto criativo por ele elaborado. Nenhum escritor foge de si mesmo quando está galopando no cavalo selvagem da imaginação.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 20/02/2022
Reeditado em 20/02/2022
Código do texto: T7456506
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