"Rouco de tanto ouvir"
A frase do título é atribuída ora a Nelson Mandela, ora a Tancredo Neves e Benedito Valadares, ou a outros políticos que primavam pela "conciliação".
Na verdade, isto já vem da sabedoria popular, que diz: "se Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca, foi para ouvirmos mais do que falar." Isto quer dizer que quem ouve mais, aprende mais.
Entretanto, aquele que comanda uma nação, num regime democrático, tem mais dificuldade de administrar. No autoritarismo é a vontade do soberano e pronto. Quem não se lembra de Mao Tse Tung, quando a China representava um terço da população do mundo, e ele era o "Todo Poderoso", que não escutava ninguém e só ele mandava?
Naquele regime político e no de muitos países pelo mundo afora, mesmo na atualidade, o governante não precisa escutar ninguém. E ai daquele que tentar interferir.
Diferente do que diz o nosso cantor Jorge de Altinho - "se o povo falar, nem ligue / nem ligue, deixe o povo falar."
Por isso, dizem que governar na Democracia é mais difícil que na Ditadura. Ouvir a todos dificulta a tomada de decisão.
A história de "o velho, o menino e burro" mostra quanto é difícil agradar a todo mundo. Cada um que desse sua opinião, sobre quem poderia montar no burro. Só o menino, só o velho, os dois juntos ou nenhum deles.
Conclui-se que "nem mesmo Cristo agradou a todo mundo."
Assim, nem sempre vale a pena "ficar rouco de tanto ouvir."
A decisão monocrática, pela pressa de agir, às vezes é a mais plausível.
Que nos perdoem aqueles políticos que se destacaram pela capacidade de conciliação. Hoje, no mundo moderno, é preciso bater o martelo com maior brevidade. Não vale a pena esperar a rouquidão.