APÓS A CURVA DO RIO NADA VEMOS E NADA SABEMOS

Buscando me afugentar das turbulências estou à beira do rio. Ainda é noite, mas a madrugada já vai se despedindo e com ela a Estrela D. Álva. Não demora vem o amanhecer, a cerração é baixa que mal se vê. Sinto o cheiro do mato, os pássaros noticiam o dia com alegria, é sempre assim. Quem sabe eles estão a nos demonstrar que quando alguma coisa não da certo não adianta ficarmos tristes, aborrecidos, reclamar, temos é que viver cada dia sem que nada possa nos abater, com ou sem problemas devemos estar sempre confiantes que no final tudo dará certo. As dificuldades são os nossos muros de arrimo que nos fortalecem para a vida.

As águas do rio passam e não voltam mais, levam tudo consigo menos a nossa fé, a esperança e o amor que em nós permanece. As águas que passam e não voltam é um lembrete para que não esqueçamos que a vida é para ser vivida, e que tudo tem o seu momento, seu tempo, não o deixe passar, escapar, fugir entre os dedos, entre as ondas do egoísmo. O perigo está em não navegarmos onde nossos olhos enxergam em nosso dia a dia para deixar para navegar depois da curva do rio, onde nada vemos e nada sabemos. A natureza é a mestra, ela nos ensina diuturnamente, é só sermos perceptíveis aos seus ensinamentos, foi Deus que a criou. Peçamos a Ele para sempre vermos o melhor lado das pessoas, um coração bondoso que saiba perdoar e fé que tudo irá dar certo. Não deixe que nada subtraia sua essência. Vivamos a vida, mas a vivamos fazendo o bem, pois como dizia Barão de Itararé: “se leva desta vida é a vida que se leva.”

O dia passa rápido, quando percebo o fim de tarde chega, um lindo pôr do sol. Foi um dia prazeroso, reflexivo, ar puro, sol, canto dos pássaros, alguns peixes dentro da legalidade e racionalidade, tudo valeu à pena, realmente é uma dádiva. A verdade é que na vida muitas vezes precisamos dar um tempo para nós mesmos, parar para pensar, refletir, carregar as baterias, oxigenar a alma, isso nos faz muito bem. Falando em “pensar” tem uma estrofe da música “Estrela D’alva” de Luiz Marenco que acho muito expressiva que diz: “[E aqui me paro a pensar} {Do que a pouco ouvi dizer} {Que é necessário aprender} {Para depois ensinar} {Pois por mais rudimentar,} {Que seja o ensinamento} {Cada frase é como um tento} {Que precisa ser lonqueado,} {E depois bem desquinado} {Para trançar um sentimento}.”

Certamente é por tudo isso que com inteligência, sensibilidade e brilhantismo “Gonzaguinha” cantou aqui neste torrão e agora canta lá nas alturas: “Viva a vida sem ter vergonha de ser feliz”, porque ela “É bonita, é bonita e é bonita.”

Vento Lusitano
Enviado por Vento Lusitano em 18/02/2022
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