CAINDO AS MÁSCARAS
CAINDO AS MÁSCARAS
Pandemia era uma palavra que só ouvíamos falar na TV ou liamos em algum lugar. Ninguém com menos de cem anos vivenciou tamanha tragédia pós-gripe espanhola em 1918/1920 pelo vírus influenza, que infectou 500 milhões de pessoas, o que correspondia a ¼ da população mundial, à época. Hoje vivemos, tememos e aprendemos com um novo vírus, SARS-CoV-2, causador da doença denominada de Covid19, batizada pelos cientistas. Perdemos parentes, amigos e entes queridos. Estamos nos acostumando com as sequelas deixadas. Percebemos que o negacionismo mata e aliena as pessoas influenciáveis.
Aprendemos com a ciência que a vacina é o mais poderoso mecanismo de defesa contra um vírus letal que não escolhe raça, credo opção sexual e cultural. Um vírus que se transmuta e não escolhe idade. Mata os valentes e os covardes. Ele simplesmente mata sem piedade!
As máscaras apareceram como primeira barreira contra a infecção, seguida do distanciamento social. Privamo-nos de beijos e abraços, na esperança de nos proteger e proteger a quem amamos. Que saudade daquele beijo carinhoso, daquele abraço apertado que só os brasileiros sabem dar! Esse vírus tão pequenino, mas com a fúria de um bárbaro desafiou o mundo e a ciência, fechando comércios e atividades culturais e recreativas; baqueou a economia mundial e afetou as nações mais poderosas.
Ah! Esse pequenino vírus nos ensinou muito e ainda está ensinando... Aprendemos a trabalhar em “Home Office”, a fazer reunião remota via “Zoom” e/ou “Meet”. Os artistas fazem “Lives”, nossos alunos aprenderam em aulas virtuais com seus professores mal remunerados. O “e-comerce” foi incrementado. A telemedicina teve um papel fundamental. Curvamo-nos diante da abnegação e valor dos médicos e profissionais de saúde, a quem rendemos nossas sinceras homenagens!
As máscaras físicas escondem as máscaras do nosso ego e sua tríade, que nos sufocam e escondem nossa estupidez. Elas servem - as máscaras - para esconder, muitas vezes, nossas frustrações, nossas desilusões, desencantos e medos, além de nos proteger. Servem, também, para esconder a maquiagem mal feita, a barba por fazer. Uma espinha que desponta e incomoda o auge da puberdade, dos jovens que não sabem se são crianças ou adultos e culpam os hormônios, gerando uma eterna dúvida, alimentando ainda mais, o conflito de gerações. As mulheres sensualizam olhando por cima das máscaras, quando tiram os olhos dos celulares e os homens procuram olhares perdidos com ares de galã, entre uma olhada e outra em seus smartphones.
Um dia, quando a população, como um todo, se conscientizar que a vacina salva vidas, que as máscaras e o distanciamento social nos protegem, aí sim, ela vai cair e espero, sinceramente, que as máscaras não-físicas dos seres humanos egoístas, também caiam...
Beto Alves
17/02/2022
Nota: essa crônica foi feita em homenagem póstuma a Arnaldo Jabor, jornalista, escritor, cineasta e um dos maiores cronistas contemporâneos do Brasil.