MRS. PROTHRO

 

O Centro Cultural Brasil/Estados Unidos, em Curitiba, mantêm convênio com escolas de língua inglesa nos Estados Unidos, para intercâmbio de alunos e professores. São brasileiros que vão àquele país para estudar inglês, ou americanos que vêm ao Brasil para aprender português, bem como professores também envolvidos nessas atividades.

 

Conheci Mrs. Elisabeth Prothro quando, após concluir minha graduação em Letras Português/Inglês, pela UFPR, resolvi frequentar um curso de Secretariado em Inglês, durante as férias de verão, no Centro Cultural, enquanto procurava emprego.

 

Mrs. Prothro veio ao Brasil para ministrar esse curso intensivo durante os meses de janeiro e fevereiro. Era uma senhora viúva, que aparentava estar nos seus 65 anos. Contou-nos que tinha um filho maior e independente. Dizia que já havia ministrado esse curso em outros países. Amava viajar, conhecer lugares exóticos e pessoas. Era natural de New Orleans, Louisiana, culta, afável, bem humorada e mostrava ter grande experiência didática.

 

As aulas eram diárias, de 2 horas, de segunda a sexta-feira. Tínhamos que assimilar muita matéria e, rever os tópicos em casa, era uma necessidade, para melhor aproveitamento do curso que, além de intensivo, era caro.

 

Eu não perdia nenhuma aula e estudava com entusiasmo, pois pretendia trabalhar como secretária em alguma empresa. Não desejava lecionar, como deveria ser o destino de quem faz licenciatura em línguas. As aulas transcorriam animadas e produtivas quando, lá pelo meio do curso, a diretora apareceu à porta da sala e chamou a professora para uma conversa no corredor. Quando a mestra voltou, dirigiu-se a mim dizendo que desejava falar-me, após a aula. Terminadas as lições permaneci em meu lugar, enquanto os colegas se retiravam. Mrs. Prothro logo abriu o jogo: disse-me que a diretora fora procurada por um empresário que buscava uma pessoa para atuar em sua empresa, no setor de exportação, cuja principal exigência era que falasse inglês e tivesse noções ou experiência em secretariado. Ela disse que pensou em mim por confiar que eu estava apta para a função, pelo que eu demonstrava nas aulas e pelo meu desempenho nas provas, sempre com boas notas.

 

Fiquei lisonjeada e exultante, mas ainda faltava a entrevista, à qual compareci com algum temor de não conseguir a vaga. Fui submetida a um questionamento oral e também a uma prova escrita. Fiquei em suspenso até o dia em que me dariam a resposta. Esse dia chegou com a boa notícia de que eu fora aprovada e seria contratada. O salário era bom e a localização da firma bastante conveniente, não sendo necessários grandes sacrifícios ou extensos deslocamentos. O desafio maior era me dedicar ao trabalho para não desapontar. Para resumir: nessa empresa dediquei os meus melhores anos de juventude e labor. Lá permaneci por trinta anos, até me aposentar. Fiz amigos e me realizei profissionalmente, atendendo clientes estrangeiros, contratando fretes em navios, expedindo cargas para os portos, recebendo e analisando Cartas de Crédito e tratando diariamente com o pessoal da produção, na fábrica.

 

Terminado o curso, não encontrei mais Mrs. Prothro para lhe agradecer pelo incentivo. Sou muito grata pelo excelente curso que ministrou e também pela vaga que, involuntariamente, me proporcionou.

 

Não foi mais preciso procurar emprego após formada. O emprego veio a mim!

 

 

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 17/02/2022
Reeditado em 17/02/2022
Código do texto: T7454570
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