A empada

Não era tão cedo, mas o vento ainda cortava a minha nuca e gelava os dedos da mão direita, como de costume, enquanto aguardava mais uma consulta de rotina.

Na cafeteria, de sua mesa, uma moça pediu uma empada.

Quando a atendente entregou, já eufórica pela correria de estar cuidando do local sozinha, a moça pede um garfo.

Sem perceber que eu estava ouvindo, a atendente, indo buscar o talher, resmunga:

– Empada de garfo! Quem come empada com garfo?!

Brecando meus passos, eu soltei uma risadinha tímida... Porque eu faria o mesmo!

Só com apenas uma diferença: eu mesma iria buscar o garfo no balcão.

30 segundos a mais nessa situação na minha vida não mudaria nada, mas faria uma baita diferença para a balconista-cozinheira-faz tudo.

Volto carregando o pires que aqueceria a alma.

Alguma coisa ainda consegue acalentar nossa humanidade.