Ela se ela
Se ela sempre foi ela e bela. Ela era freira e tinha trinta e três anos e morava num convento carmelita da ordem das descalças, e tinha três melhores amigas freiras a Genoveva, a Eulália e a Dora ambas as quatro com trinta e três fazendo aniversário no mesmo ano. Ela se chama de Joaquina e adorava trabalhar na cozinha e rezar o terço três vezes por dia. Um dia Joaquina contraiu uma gripe forte e ficou de cama por três semanas. Depois recomeçou na cozinha e mancava da perna esquerda. No momento parecia não ser nada mais começaram as dores e levou ela até um hospital público. O médico dela o doutor Venâncio falou que ela tinha um nódulo benigno e somente precisaria de uma cirurgia. Foi feita a coleta e a retirada e feito o enxerto no local mutilado. Em cinco semanas ela estava pronta e curada para voltar as suas atividades no convento. Passou-se três anos sem sofrer nenhuma doença e numa manhã de setembro ela começou a ter dores no peito e golfar sangue e voltou no mesmo médico. Dessa vez ele foi trivial e disse: Joaquina tem um nódulo no peito esquerdo mais são cem por cento curáveis. E fez a cirurgia. Hoje passados quarenta anos e com noventa e um anos Joaquina viveu mais do que todas as suas amigas mesmo tendo ficado doente ao longo da vida várias vezes. Os pais de Joaquina o bom Eustáquio e a boa Josefina morreram felizes com cem e cento e dois ele e ela. Tivera irmãos a Joaquina mais ela era a única religiosa. Genoveva, a Eulália e a Dora viveram até os oitenta, setenta e sete e setenta. Quando Joaquina foi ao hospital as três rezavam muito pela sua boa cura e chegaram a rezar o terço dez vezes por dia. As irmãs e amigas de Joaquina a achavam muito e bonita e inteligente. Eustáquio era mecânico e Josefina cozinheira de festas e igrejas. Joaquina costumava cantar literatura de cordel nas festas juninas e era muito feliz por isso. E nos natais fazia o papel da virgem Maria e segurava um boneco como seu filho Jesus na representação do nascimento de Cristo. Desde adolescente Joaquina entrara ao Carmelo aos dezessete anos e não parava mais de evangelizar e falava a palavra de Deus a todos os que conheciam parentes, amigos e até desconhecidos. O sentido do amor para ela era magnânimo, pois sua maior fortuna física era o amor de Jesus o Salvador, e quando morreu subiu aos altares. Hoje Joaquina pode ser santa e tem um coração nobre e doce como mel. O ser humano que ela foi não se distingue a realidade linda que se reproduz. Ela foi sempre casta e virgem e se revelou a terra pura e de coração nobre. Seus pais contam que desde criança ela já rezava o terço somente de ter ouvido os outros rezarem e aprendeu quase todo o livro dos Salmos relendo e lendo algumas vezes em voz alta e no seu coração. Desde jovem Joaquina catequizava como se fosse uma grande mulher distinta e linda de puro e nobre coração. Cabe a cada ver que mulher linda é essa a doce Joaquina que quase não pecou e levou uma vida de bondade, serenidade e alegria para com o Evangelho as pessoas que ela catequizou com suas palavras e mais com seu interior e seu coração. Basta a ver que linda santa esta mulher se tornou.