Poesia Fraca
Lá nos anos 50, as ferrovias no Brasil eram movidas a vapor. Meu sogro era ferroviário da NoB – Noroeste do Brasil, ligando Bauru - SP até Corumbá - MS, rota de 1.600 Km, ocupando o cargo de Mestre de Linha. Gostava de contar sobre a ferrovia. Seu compadre o maquinista Félix Abraão, um homem muito zeloso, era “dono” de uma locomotiva a vapor da marca BLW – Baldwin Locomotives Work, de número 404. Para quem conhece, é um modelo Pacific tipo 4-6-2. Mandou fazer nas oficinas de Bauru, SP, um apito de sete vozes. Homem muito vaidoso, fazia uso de um óculos importado, provavelmente um “Ray-Ban”, um “tipão” , segundo as moças que viam de suas janelas, ele passar todo garboso. Certa feita, quando estava indo de Três Lagoas para Água Clara - MS, teve um problema com o combustível. Perdeu o horário. Então de forma cautelosa e criativa telegrafou para o Engenheiro chefe de tráfego em Bauru, sede da NoB. Tal telegrama dizia o seguinte:
DE: Maquinista Félix Abraão
PARA: Engenheiro Chefe de Tráfego.
ASSUNTO: Atraso do trem
TEXTO: por falta de pressão VG perdi marcha para Ribeirão PT Saudações
O chefe do tráfego respondeu da seguinte forma:
DE: Engenheiro Chefe de Tráfego.
PARA: Maquinista Félix Abraão
ASSUNTO: Atraso do trem
TEXTO: pela fraca poesia VG Suspenso por um dia PT Saudações