Mata Fome
Quando criança, perto de casa havia uma venda. Lá, entre outras coisas, eram servidos gasosas, cerveja e o delicioso Choco Leite. Este último, um achocolatado com leite, envasados em uma garrafa exclusiva, sua tampa era uma champinha metálica, com um vedante feito em cortiça e uma bolacha de formato retangular denominada mata fome, também conhecida como bolacha de água ou bolacha de pobre. Pois bem, era isso que eu conhecia como mata fome.
Isto posto, outro dia deparei-me com meu vizinho, ele falava acerca de churrasco, perguntou-me se conhecia matambre, eu sinalizarei que sim, mas ele insistiu em dar-me uma explicação. Como aprecio uma boa prosa, a conversa fluiu, explicou-me ser uma palavra de origem da língua espanhola, Mata Hambre, ou seja, mata fome. Fiquei curioso, pelos meus conhecimentos havia na época do descobrimento do Brasil o tal Tratado de Tordesilhas. O lado esquerdo pertencia aos espanhóis e o lado direito aos portugueses, dada a colonização da região, hoje Argentina, Uruguai e Paraguai, surge a figura do gáucho, depois reproduzida como gaúcho, e finalmente pela cultura popular, gauncho. Destarte, essa influência, dentre tantas coisas, deu-se também na culinária. O tal matambre é também conhecida como capa de costela ou carne de barriga, é uma carne que separa a costela do couro do boi. Já no século XVII, era o que sobrava aos escravos, por se tratar de uma carne sem aproveitamento aos senhores donos de fazendas. Modernamente é uma carne nobre, servida em churrascarias, assada em forno e de gosto requintado!
Por ser um prato muito apreciado, pensei que poderia ser denominado por uma palavra em inglês, ficaria mais chique. Que tal Starve, ou ainda um nome composto, hungry kill.
Portanto, aquela carne maravilhosa, passarei a chamá-la de Hungry Kill. Que tal?