A SERENATA E AS PÉTALAS DAS ROSAS

“A SERENATA E AS PÉTALAS DAS ROSAS”

Era um sábado aprazível, clima bom de primavera, uma noite convidativa a inspiração, encontrava-me reunido com os meus amigos, o Mestre, o Miranda e Ademar. A viola estava afinada, todos apaixonados pela boa música, cantarolávamos animados tomando Cuba Libre e Gim Tônica, os petiscos faziam a base. As dicas musicais iam saindo, as escolhas eram rigorosas. Assim íamos cantando e os sentimentos aflorando. Repentinamente o amigo Mestre pediu um instante e disse: - “Vou contar para vocês, hoje, minha namorada, a Zilda, está de aniversário. Vamos fazer uma serenata para ela. Todos sabem que gosto muito das músicas do Elvis Presley, no entanto, hoje vamos abrir a serenata com “Detalhes” do Roberto Carlos.” Eu me surpreendi com o pedido, em vista que o Mestre era meio americanizado, cabelo cumprido, vestia-se sempre com calça e jaqueta jeans desbotada, naquele momento ele estava abrindo mão das músicas do Elvis. Disse a ele: - “Você é esperto, mandou bem, escolheu a dedo”. Todos concordaram.

Bem! Não demorou estávamos nós no jardim da casa da aniversariante. Era um belo jardim, repleto de rosas, rosas vermelhas, brancas e rosa, tudo realmente muito lindo. A esta altura nós caminhávamos nas pontas dos pés para não fazer barulho, como testemunha de tudo isso a lua e um céu de estrelas. Em determinado momento olhei para o Mestre e constatei que estava com as suas mãos cheias de pétalas de rosas. Então ele se aproximou silenciosamente da janela do quarto de Zilda e deu o sinal para começarmos a serenata. Naquele momento o silêncio da noite foi quebrado pelo ressoar das cordas do violão, aí então após alguns acordes, um dos mais significativos escritos musicais de Roberto Carlos, começou: {Não adianta nem tentar me esquecer} {Durante muito tempo em sua vida eu vou viver} Detalhes tão pequenos de nós dois} {São coisas muito grandes pra esquecer} {Se um outro cabeludo aparecer} {Na sua Rua} {E isto lhe trouxer saudades minhas} {A culpa é sua} {O Ronco barulhento do seu casso} A velha calça desbotada ou coisa assim} {Imediatamente você vai lembrar de mim ....}. Repentinamente a luz do quarto de Zilda se acendeu, não demorou a janela se abriu e ela apareceu. O Mestre que estava ao lado da janela a recepcionou com chuvas de pétalas de rosa, algumas caiu em sua cabeça, outras em seu quarto. A Zilda com uma mistura de rosto de sono, surpresa e felicidade, muito sorria.

Quando a serenata terminou ouvimos palmas, ficamos surpresos e rapidamente procuramos ver de onde vinham, virando-se para trás constatamos que eram os moradores de duas casas que ficavam em frente a casa de Zilda, os quais de suas janelas, sem que nós percebêssemos haviam assistido toda a serenata. Foi uma noite muito gratificante, guardo no baú das minhas boas recordações de uma época inesquecível.

Quanto ao Mestre e Zilda, não precisa nem dizer, logo se casaram e até hoje vivem muitíssimo bem, nasceram um para o outro.

Bem! Hoje vou parando por aqui. Como diz o Roberto Carlos “essa é uma das muitas histórias que aconteceu comigo” Bye! Bye! Bye!

Vento Lusitano
Enviado por Vento Lusitano em 11/02/2022
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