CINZAS SOLITÁRIAS
Sempre foi o melhor pai do mundo, fazendo possível e o impossível para que nada faltasse à família.
Noites e noites trocando o sono pra cuidar dois queridos, litros e litros de suor jorraram pra atender todas demandas.
E assim conduziu seus dias, do qual nunca se arrependeu.
Então morreu.
Choros inconformados em profusão, luto costurado ponto a ponto e por aí vai.
A cremação foi escolhida e dela ficaram a urna com as cinzas.
O seu desejo era que fossem despejadas em determinado lugar.
Passaram alguns meses, a cerimônia foi marcada e convites enviados a todos,
que juraram de pé juntos o comparecimento.
No dia escolhido, nenhum filho presente.
A viúva fez a cerimônia sozinha. Melhor, estava acompanhado do amado,
o qual nunca abandonou.
O mesmo não poderia se dizer dos filhos, que certamente tinham coisa melhor a fazer.
Afinal, aquele dedicado provedor, o tal melhor pai do mundo, que fazia o possível e o impossível
para que nada lhes faltasse, agora era só um punhado de cinzas.
E nada mais.