CINZAS SOLITÁRIAS

Sempre foi o melhor pai do mundo, fazendo possível e o impossível para que nada faltasse à família.

Noites e noites trocando o sono pra cuidar dois queridos, litros e litros de suor jorraram pra atender todas demandas.

E assim conduziu seus dias, do qual nunca se arrependeu.

Então morreu.

Choros inconformados em profusão, luto costurado ponto a ponto e por aí vai.

A cremação foi escolhida e dela ficaram a urna com as cinzas.

O seu desejo era que fossem despejadas em determinado lugar.

Passaram alguns meses, a cerimônia foi marcada e convites enviados a todos,

que juraram de pé juntos o comparecimento.

No dia escolhido, nenhum filho presente.

A viúva fez a cerimônia sozinha. Melhor, estava acompanhado do amado,

o qual nunca abandonou.

O mesmo não poderia se dizer dos filhos, que certamente tinham coisa melhor a fazer.

Afinal, aquele dedicado provedor, o tal melhor pai do mundo, que fazia o possível e o impossível

para que nada lhes faltasse, agora era só um punhado de cinzas.

E nada mais.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 11/02/2022
Reeditado em 11/02/2022
Código do texto: T7449691
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