Batuque na cozinha (II)


Dá para sentir escama nas declarações públicas do nosso Lula.

Sempre que o assunto, desagradável toda a vida, é o terceiro mandato consecutivo, nunca sabemos se o homem é realmente contra ou a favor. Ficam muitas pontas soltas em tudo o que ele diz a respeito.

Minha intuição é que, aprovada a prorrogação da CPMF, dificilmente será possível conter a investida falso-republicana dos petistas, a cara de pau dos bolivarianos, a dialética dos intelectuais engajados e o competente jogo de cintura dos peemedebistas, que estão deitando e rolando com o apoio emprestado ao governo.

Na boa época, refém do fato consumado, não restará ao presidente outra alternativa senão obedecer à suposta vontade geral da nação. A contragosto, dirá ele. Mas pelo Brasil, acrescentará com orgulho, qualquer sacrifício valei a pena. Haja palanque e esperteza política.

É verdade que no mundo das conveniências que é a nossa política falar em princípios e regras do jogo é coisa de otário — nada que uma emenda constitucional bem negociada não resolva para salvar as aparências —, mas insistamos na ética, ainda assim.
 
O resto é esculacho, puro esculacho.


[20.11.2007]