Aponte o culpado
A secretária de Educação ficou constrangida ao ver no desfile de 7 de Setembro alunos especiais levando uma faixa com a seguinte inscrição: “Não sou diferente; faço a diferenssa”
Na semana seguinte resolveu visitar o pessoal da ‘arte’ levando um minidicionário para presenteá-los. E com toda a diplomacia que o cargo exigia, revelou o erro. Aristides, o responsável pelo setor, explicou-se.
- Secretária, agradecemos a doação. O nosso dicionário é velho, sujo de tinta e faltando páginas... O que aconteceu foi o seguinte. Solicitaram mais de 300 faixas para esse desfile. Tenho minha parcela de culpa, sim, mas não tive tempo de conferir todas. A prefeitura mandou o Matheus para trabalhar aqui. Indicação política... Cargo comissionado. Foi ele quem escreveu aquela faixa. Até ele que é criativo, esforçado. Mas tem problemas com drogas, fuma maconha, para ser mais explícito. E para enrolar seu ‘cigarrinho’ começou a tirar folhas do nosso dicionário. Dei uma bronca. Parou. Agora ele trouxe uma pequena Bíblia, posso mostrar para a senhora. O papel da Bíblia é fininho, propício para enrolar o ‘baseado’. Já arrancou quase todas as páginas dos versículos do apóstolo Mateus, seu xará. Concluímos que Matheus, além de fumar centenas de palavras, (até anda falando umas estranhas) agora está ‘consumindo’ os ensinamentos do bíblicos. Quem sabe seja um grande profeta! A senhora poderia conhecê-lo, mas não veio trabalhar hoje. Ah, quer ver a folha com o escrito errado que enviaram para nós?
A secretária pediu desculpas e se retirou. Mas uma dúvida lhe atormentava: ligaria ou não para sua mãe pedindo a ela se não havia dado falta daquela pequena Bíblia que guardava na última gaveta da velha penteadeira.