F comme femme, F comme fleur, F… comme FÉMINICIDE
A letra desta canção fala de mulher, comparando-a uma flor, a uma fada. Uma canção que enaltece o sexo feminino.
Femme, mulher. Essas criaturas que ao lado do homem segundo Gênesis 2.18 foi colocada como uma ajudadora idônea:
E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele
Em primeiro lugar Deus não queria que o homem ficasse sozinho, sem ter alguém com quem pudesse compartilhar momentos fossem eles quais fossem, o homem estava só e precisava de alguém que lhe fizesse companhia. Companhia em todos os sentidos, de alegrias ou de tristezas, de risos ou lágrimas.
Então a necessidade desta companhia é que ela fosse idônea. Isto significa alguém para estar junto, alguém capaz, alguém com capacidade e conhecimento para executar esta função, resumindo, uma companheira e uma companhia para todos os momentos em que ele precisasse.
O tempo passou, foram séculos e séculos desde que Deus fez este primeiro casal. Mudanças ocorreram na humanidade. Primeiro o homem achou que aquela companheira não tinha direitos de opinar, de criar, de tentar ser igual em algumas áreas. Com isso veio o propósito de subjugar, de colocar em segundo plano aquela companheira. Ela não teria mais opinião, simplesmente deveria manter-se como um objeto para trabalhos e promover os prazeres que o companheiro quisesse, fossem esses quais fossem.
A mulher deixou de ser flor, de ser fada e aos poucos deixou de ser alguém que seria a companheira idônea da qual o homem precisava.
O tempo passou e lá em Nazaré apareceu alguém que começou a colocar a mulher no mesmo patamar que o homem. Ele era servido por elas, ouvia seus lamentos, curava suas feridas e as de seus parentes. Ele procurou corrigir as injustas atitudes do homem em relação ao divórcio, colocando a mulher em uma posição de respeito, não mais poderia ser jogada fora apenas por que o marido queria, teria que ter uma razão muito forte para isso.
A primeira pessoa que o viu ressurreto foi uma mulher, não foi um homem, alguém que Ele havia ajudado e libertado.
Sim, foi Jesus quem colocou a mulher em igualdade, não seriam apenas um objeto, teriam que ser respeitadas.
E o tempo passou, séculos se passaram e esta igualdade nunca foi respeitada.
Mas o passar dos séculos demonstrou que muita coisa pode mudar e as mulheres também.
Foram muitas as conquistas, nos esportes, nas artes, nas ciências. Aos poucos elas foram tomando conta e produzindo coisas extraordinárias, tendo atitudes extraordinárias.
Foram heroínas nas guerras, foram a panaceia dos aflitos durante estes conflitos.
Durante anos procuraram ocultar estas mulheres guerreiras e conquistadoras, como esquecer uma Marie Curier, Indira Ghandi, Margaret Thatcher, Golda Meir, isso são algumas poucas, o universo de grandes personalidades é muito grande.
E no Brasil, o que falar de Cecilia Meireles, Chiquinha Gonzaga, Ana Néri, Anita Malfatti, Maria Quitéria, Irmã Dulce, são tantas queria seriam preciso muitas páginas para colocar-se o nome de todas.
As mulheres mudaram muitas coisas e se existiram homens que fizeram algo, vale lembrar que foram nascidos de uma mulher.
F comme femme, f comme fleur e infelizmente F de FEMINICÍDIO.
São tantas que sofrem, que sofreram, que morreram apenas por serem mulher!
Até quando este distúrbio de homem das cavernas vai persistir em nossa sociedade? Pior ainda é ver autoridades querendo culpar mulheres por estas estarem sendo abusadas, por estarem vestidas do que eles consideram forma inadequada, segundo a cabeça de alguns destes homens das cavernas.
Quando um homem desrespeita a liberdade de uma mulher, a liberdade dela poder vestir-se, de poder produzir-se, este mesmo homem esquece que nasceu de uma mulher.
M de mulher, M de maravilhosa, M de mãe, M de mestra, de mulher.
Ela não é um objeto, não merece ser traída, não merece ser escondida, não merece ser agredida, nem mesmo com palavras, estas ferem mais do que socos e pontapés.
Passou da hora da sociedade não observar melhor o que ocorre com estas mulheres, agredidas, estupradas, assassinadas. Não é apenas se indignar, é tomar uma atitude, é mudar as leis que favorecem estes monstros, sim, são apenas monstros, não são homens, nem merecem este nome.
Quando me deparo com sentenças arranjadas após um ato de feminicídio dói-me o coração, sou homem, nascido de uma mulher, que tem irmãs, filhas, netas, amigas, cunhadas, vizinhas.
Qualquer agressão contra uma mulher deveria ter uma pena grande o bastante para que o agressor sofra a dor da perda da liberdade. A mesma liberdade que foi negada a uma mulher que sofreu.
Que enquanto estiverem presos, possam sentir a dor de quem perdeu uma filha, uma irmã, uma tia, uma mãe.
F comme femme, feminicídio jamais!