TELEGRAMA POÉTICO

Essa semana meu filho mais novo necessitou fazer uma viagem, foi necessário utilizar-se de quatro aviões, o último, inclusive, um hidroavião, após mais meia hora de lancha. No total foram mais de vinte e duas horas só de vôo. Realmente um lugar muito distante.

Apesar da distância e do local o meio de comunicação se mostrou perfeito, mantemos contato direto. Pude constatar que diante o progresso tecnológico temos hoje uma significativa facilidade de comunicação. Mas houve um tempo não muito distante que não era assim. A comunicação era realizada por carta ou telegrama. O telegrama na época, logo que surgiu utilizava-se o Código Morse, usando a linguagem de caracteres. A mensagem via telegrama era reduzida ao máximo, tinha que ser clara e curta, pois a cobrança do correio pelo serviço, a tarifa, era apurada pela quantia de palavras constante da mensagem. Assim buscando economia, menos gastos, também se economizava em palavras. Em virtude disso muitas histórias e/ou estórias até hoje são contadas.

Inclusive era de praxe os telegramas poéticos, em rima. O exemplo: Aqui em minha cidade conta-se uma história que um senhor de nome Manoel Cardoso, desejando informar sua namorada que morava na cidade vizinha de que iria ao baile no sábado enviou telegrama com o seguinte texto: [“Vou baile, vou SAUDOSO, assina: Manoel CARDOSO”. Ela por sua vez, por telegrama respondeu: [“Espero ANCIOSA, Iracema LUSTOSA”. Como se nota as conversas eram todas em rimas. Ainda se tem conhecimento de outras significantes mensagens: “Uma mensagem curta, não quer dizer uma mensagem pouca”. “Dois corpos distantes ocupam o mesmo lugar na saudade”. (Lucão). “Tu estás em tu cama. Yo em la mia. No es la misma. Algo estamos haciendo mal.” (Oliviero). A verdade é que não resta dúvida que hoje a comunicação pode até ser mais avançada, no entanto, não é mais poética como outrora quando da época dos telegramas.

Finalizo. Claro! Com uma mensagem estilo telegrama, resumida: ”Viva comunicação. Inté”.