VELHOS TEMPOS...
Ano passado completaram-se vinte anos desde a minha última exposição fotográfica e nem me toquei...
Houve motivo para o “esquecimento”? Sim. O avanço vertiginoso da tecnologia me fez pensar, Em 1977, e até mesmo em 1997, abria-se uma câmara e nela se introduzia uma película, com um determinado número de poses. Era regular a entrada de luz, imaginar o efeito que se pretendia, selecionar a velocidade, clicar e torcer, ansioso, para que todas as fotos saíssem ótimas. Depois, mandar para o laboratório e aguardar os resultados. Muitas vezes, umas ficavam tremidas, outras fora de foco ou com iluminação insuficiente. Sofríamos quando nos deparávamos com esses insucessos.
E hoje? As películas foram aposentadas. As câmaras são digitais e muitas cabem dentro de estreitos telefones celulares. Não há mais erro. Todo mundo virou fotógrafo. Enquanto a bateria do smart aguentar, qualquer criança é capaz de tirar centenas de fotos, podendo algumas, até, serem inscritas em concursos, com possibilidades de se tornarem vencedoras...
Fotografar – arte que exigia envolvimento e, acima de tudo, sensibilidade - passou a ficar ao alcance de qualquer um que tenha um celular na mão.
Parei de clicar, de sair com câmaras penduradas no pescoço, à procura de motivos que valham a pena ser registrados. Recolhi-me, aposentei as câmaras e hoje só me resta apresentar aos tolerantes amigos algumas relíquias, a maioria registrada em Santa Teresa, nos tempos em que os bondinhos circulavam com tal regularidade pelo bairro, que se podia acertar o relógio pela chegada deles em cada ponto.
- Sr. fiscal, a que horas vai passar o próximo Paula Matos?
- Às dez horas e três minutos.
E, rigorosamente na hora indicada, surgia o simpático bondinho.
BELOS DIAS...