Todo ano em julho, por causa das férias em meu trabalho, costumo viajar para onde é frio. Em dezembro vou para onde é calor.
Numa dessas viagens, resolvi que queria ver a neve. Visitei a cidade de São Joaquim, em Santa Catarina.
Fiz o roteiro cuidadosamente, tendo as orientações do Google, onde eu ia pesquisando, anotando valor de passagens aéreas, local e valor da hospedagem, onde visitar, onde comer, etc.
Gosto de planejar, anotar tudo, para não ter surpresas.
São Joaquim é mesmo uma cidade pequena, encantadora, sem muito o que fazer, mas vale a pena visitar para descansar, tomar suco de maçã, ver a neve, se ela cair. Pode visitar também Urubici, Urupema, Bom Jardim da Serra, etc. Tudo muito gostoso e com paisagens de encantar a alma.
Tenho costume de levar algo da cidade onde visito. Em São Joaquim decidi levar algo que me lembrasse a cidade, algo útil.
Pelo lado de fora da loja, vi um bule marrom, a coisa mais linda, de mãe ágata, muito útil e seria aquela minha lembrança.
Quando fui entrar, um aviso na porta: FECHADO PARA ALMOÇO. Não acreditei. Lá tudo fecha na hora do almoço e é difícil encontrar um lugar aberto.
Conversando com meu marido, disse que poderíamos voltar depois. Nisso, a porta abre e um catarinense muito educado nos perguntou se queríamos algo e eu disse que queria levar aquele bule.
O moço muito atencioso, abriu a porta e nos atendeu muito bem.
Escolhi o bule e ele nos acompanhou até a porta da saída, nos perguntando de onde viemos, nossa cidade de origem, se estávamos gostando e quando dissemos que éramos de São Paulo, ele disse:
- Estou toda semana em São Paulo, mas vou de carro. Mostrou uma caminhonete Amarok linda e completou:
- Compro minha mercadoria lá, na rua Valtier.
Olhei para meu marido, com a decepção escorrendo pela minha alma. já que a lembrança foi levada daqui de São Paulo para São Joaquim e eu estava trazendo-a de volta à sua cidade de origem.
Neste dia, não quis nem tomar café colonial, vai que o café era daqui de perto de casa, Café Jardim.
Brincadeiras a parte, o bule está escondido para eu nunca mais lembrar de certas exigências que eu tenho e que depois eu vejo que não vale a pena, já que tudo é tão ''globalizado''.
Hoje dou risada, mas com dor no coração de não ter levado nada de São Joaquim.
Na verdade, levei a beleza eternizada nas fotografias, mas não vi a neve.