EXPERIÊNCIA. PRETENSÃO,

EXPERIÊNCIA. PRESUNÇÃO.

O maior legado do homem concentra-se na absoluta compreensão da personalidade do ser humano em geral. A compreensão envolve complexidades. Difícil distingui-las.

O mundo vagueia na convicção dos presumidos, em crenças de mera passagem, como todas. Pretensiosos dominam as verdades, fiam-se em colocações sem fundamento e razoabilidade. E o fazem em massa desfigurada. Contrariam evidências aceitas e tranquilas de avisadas estruturas históricas. Normalmente são íntimos de pouca formação, compreende-se, resgatando ideias perdidas e neutralizadas no tempo.

Nada criam, só presumem, pretendem.

O mundo pertence aos presumidos, somados, mas estacionam na presunção, se locomovem em meio à contrafação e a inveja. Faz parte do vezo desses personagens vazios de fundo e forma o desgaste sem nenhum proveito. Vaidade...

A utilidade, em contrapartida, vive ensinando e ensina vivendo.

Na presunção não há reflexão, meros copistas sem elastério cerebral, nada mais. Diz Rui:

"Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas, principalmente, nas ideias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas." Rui Barbosa. Oração Aos Moços.

O homem útil desconhece o peso da existência. Flana no viver, abraça a realização sem dela se ufanar. A utilidade é a graça que enriquece e alegra sua jornada. Interfere na sociedade em suas ações e atividades. A alma generosa habita morada santa da consciência pacificada pelo caminho. Se forrado de curiosidade o ser humano nas movimentações inclinadas para melhor, se alarga em compreensão sem limites, reporta a história. E anda de olhos abertos vendo a cegueira de muitos.

Os presumidos estão sempre vigilantes, a inveja do que encanta seu despreparo espreita nas esquinas da vida. E sofrem... Centram a atenção no que invejam. Isso se deu nos tempos, nas eras, estão registrados os Brunos Giordanos. Foram muitos, martirizados pela inveja.

O grande móvel da terceira mente de Maquiavel é a inveja. Seus detentores nada aprendem nem ensinados, e colam no que admiram seu foco, para tentarem sobreviver. Foi sempre assim desde a idade média nas grandes descobertas. A inveja se pretende altaneira, quando rasteja. Sua pena é o sofrimento de seu acanhado espaço. Falta-lhe oxigênio. E se mostra a cada instante.

Um preceptor meu quando jovem, invulgarmente inteligente, dizia, e deu exemplos conhecidos na época. “Fulano lê uma biblioteca e não consegue escrever com propriedade um breve ensaio, já cicrano lê uma frase e escreve vários livros, um compreende com espaços multiplicados, outro nada compreende mesmo pensando compreender”.

O espírito deve ser um filtro generoso de calma, equidade e bondade, equalizador da compreensão. Isso traz a pacificação espiritual tão desconhecida.

Nada perturba o êxtase de quem passa a vida fazendo o bem e não inibe liberdades. Nem a idade, nem a fadiga se houver, nem a doença transformam a beleza mística dos devotados á sinceridade em ser e ao desapego de valores materiais. São cidadãos do mundo, conhecem a beleza da arte, a felicidade das gentes, o centro de tudo, irradiador das liberdades.

Em dez linhas coube a verdade divina. Em nenhuma vasta coleção doutrinária cabem as vaidades nascidas da inveja, filha da presunção. As manifestações escoradas na vaidade são vícios do entendimento acanhado. A terceira mente de Maquiavel.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 01/02/2022
Reeditado em 21/08/2024
Código do texto: T7442786
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