Mais um dia de neve lá fora. Depois de descer e tomar um café quentinho, resolvi dar  uma volta pela vizinhança. Gosto de andar pelas ruas do meu condomínio, olhando os vizinhos ocupados em limpar a neve dos carros. Para alguns se torna uma grande aventura, e exibem suas ultimas aquisicoes de ferramentas para a  remocao da neve; para outros, uma oportunidade para conversarem sobre as ultimas noticias. 

 

Alguns meninos correm para fora de casa deitando na neve movendo os braços e pernas simultaneamente formando aquela famosa imagem do anjo. Continuo andando e paro na pracinha mais próxima; limpo o  banco do jardim e me sento, observando o dia parado e os floquinhos de neve caindo sem parar. De repente, no meu Ipod,  entra a voz do Chico ecoando naquela paisagem branca cantando "Sabiá". E vem a tristeza súbita, um sentimento de dualidade ao pensar em  “deitar à sombra de uma palmeira que ja nao há”, ou “colher a flor que ja nao dá”.


Passam crianças vendendo chocolate quente. - “Quer comprar, moça? 50 centavos”. A menininha olhou para mim e  perguntou -"Voce esta chorando?”  “Não estou não querida, são os floquinhos de neve". Falando assim, limpei meu rosto. Ela sorriu timidamente mostrando a falta de um dentinho da frente. Então eu disse: "Ah me dá um chocolate, vai!”. Suas mãozinhas me estenderam um copinho de isopor  colocando a moedinha no bolso.  Com os pés na realidade levanto-me e faço meu caminho de volta. A emoção foi por culpa da música, mas o chocolate e o sorriso daquela menina aqueceram meu coração.   

 

Tema: Culpa da música 

 

 

 

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 01/02/2022
Código do texto: T7442405
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