NADA MUDOU
Assim como as estações do ano se sucedem, os acontecimentos ligados a elas também se repetem a cada ano. Estamos falando das chuvas de verão que a cada janeiro, cedo ou tarde, voltam a cair nos estados do Sudeste e as “autoridades” fazem aquela cara de paisagem como se surpreendidos por algo inusitado.
As mortes, decorrentes dos deslizamentos de terra e desmoronamentos das moradias, a maior parte delas localizadas fora de quaisquer regras de zoneamento municipal ou de segurança, servem exclusivamente para garantir audiência nos noticiários que, a bem da verdade, nem precisariam fazer novas gravações pois tudo o que se vê parece replay do ano passado num tragicômico “vale a pena ver de novo”.
O governo do Estado de São Paulo, financeiramente melhor colocado no rol da federação, tem mapeados todos os pontos vulneráveis dos seiscentos e tantos municípios, mas por conveniências eleitoreiras dos vereadores, secretários municipais, prefeitos e governadores são feitas vistas grossas para as irregularidades que são a causa primordial das tragédias familiares, ainda que largamente anunciadas e reiteradamente repetidas.
Enquanto essas conveniências estiverem acima dos esclarecimentos e da participação da sociedade que, numa demonstração de conveniente parasitismo, delega ao poder público as decisões que deveriam ser de cada um, não adianta esperar que o poder público tome a iniciativa.
Cada um tem que assumir a responsabilidade sobre a sua existência, de sua família e do seu real papel na sociedade como agente transformador de algo que está errado.
Vitimismo, cestas básicas, agasalhos, abrigos improvisados são apenas paliativos, nunca solução.