INGENUIDADE, ENGANO OU SÓ OPORTUNISMO?
Desde quando Jesus é teórico do liberalismo?
SE EXISTE um grupo de brasileiros que, ao apoiar o atual Presidente, pode alegar qualquer coisa, menos ignorância quanto a suas intenções, este é o dos militares de alta patente das Forças Armadas, em que pese haver entre eles gente como Eduardo Pazuello, cuja chegada ao posto que ocupa é tão razoavelmente compreensível quanto um jabuti no topo de uma castanheira.
AFORA as pessoas realmente completamente analfabetas políticas - que, infelizmente, não são poucas - os eleitores e, especialmente, os apoiadores (aliados, financiadores e coordenadores da campanha) jamais foram inocentes quanto à falta de qualificação política e, principalmente, moral do Presidente - à época, candidato - para o cargo que pretendia ocupar.
AFINIDADE DE NECESSIDADES.
TODOS sabiam o que estavam fazendo e quanto suas ações custariam para o País e para a Democracia. Mas tinha algo, pra eles, mais importante e que os unia: a necessidade de visibilidade. Queriam uma vitrine, e viram no Candidato aparentemente lunático - e que, logo após a eleição, seria descartado, deixando o comando nas mãos do grupo - a melhor opção naquele momento, muito embora jamais tenha sido esta anteriormente considerada nem entre as hipóteses piores.
TODOS esses oportunistas, especialmente os militares, condidatos a governos de estado e lideranças religiosas, tinham plena consciência do que faziam [e justamente por isso faziam], mas lhes era conveniente e vantajoso em todos os aspectos, destacando-se a projeção política - basta ver a quantidade de pré-candiatos, tanto entre os atuais quanto entre os ex-aliados, estes últimos ganhadores de projeção em ambos momentos: quando se aliaram e quando romperam com o suposto Lunático… Moro, Santos Cruz, Rego Barros, Hasselmann, Dória, Leite, Witzel, Maia, Weintraub e Mandetta são exemplos, pra ficar apenas entre os mais destacados [da, agora, oposição].
EVIDÊNCIAS NÃO FALTARAM - SOBRARAM.
ELE nunca foi - ao contrário de como se apresentava - referência, sequer mediana, de chefe de família (especialmente da tão evocada família tradicional cristã conservadora), de intelectualidade, integridade moral, sociabilidade e, principalmente, de parlamentar e militar - até os postes sempre souberam disso.
MENTIU, caluniou e dissimulou além do que pode.
MENTIU sobre "kit gay".
MENTIU sobre "ideologia de gênero".
MENTIU sobre "doutrinação comunista em escolas".
MENTIU sobre o Fórum de São Paulo.
MENTIU sobre "governo sem viés ideológico".
MENTIU sobre o papel do Estado em relação à Familia.
MENTIU sobre sua participação nos crimes de corrupção de sua família.
E, A RECORDISTA [e mais descarada] de todas as mentiras: associou - mesmo sem ao menos algum resquício de amparo teórico ou pragmático - a figura de Jesus Cristo e sua mensagem à plataforma ideológica do liberalismo clássico, algo insustentável até diante de um aluno do 9° ano fundamental.
COM a exceção dos tipos já mencionados, todos os aliados e apoiadores do suposto Lunático sabiam disso. Sabiam, por exemplo, que ao criar uma narrativa tipo nota de três reais apenas para fomentar o preconceito e a perseguição contra determinadas correntes políticas e movimentos ideológicos contrários a si e aproximar a Igreja do Estado, apropriando-se da fala de Jesus como slogan [e fundamento teórico] de sua campanha, somadas às atitudes anteriormente descritas, o comportamento do tal candidato se distanciava cada vez mais da tradição e da agenda liberal e, concomitante e paradoxalmente, mais se aproximava de doutrinas como o fascismo e o nazismo.
COMO eles gostam de citar Jesus - e eu não gosto de contrariar 'cidadãos de bem" - nas palavras dEle, estes são piores [e mais perigosos] do que aquele que, agora [por conveniência], apontam como "criminoso", "covarde", "autoritário", entre outras adjetivações. Ou seja, "os piores cegos são estes que não quiseram ver".
NUNCA se tratou de ingenuidade ou engano. É só cinismo e oportunismo mesmo.