O valor de uma vida
Uma cena chocante foi vista no feriado do dia 8 de dezembro de 2005, no centro de Campina Grande. Um homem ameaçava se jogar do último andar de um prédio abandonado na Rua João Suassuna. Era um catador de lixo, por nome de Daniel. Presenciando aquele quadro, cheguei à conclusão que aquele homem era muito corajoso, quando muitos o consideravam fraco naquele momento.
Digo que ele era corajoso, pois estava ali expondo o seu estado de alma para todos os que ali o assistiam. Enquanto muitos usam diversas formas para mascarar a sua dor, ele não teve vergonha e nem medo de perder sua reputação. Graças a Deus, houve tempo de chegar o socorro para aquele homem, que estava mergulhado numa tristeza profunda a ponto de querer tirar a sua própria vida.
O que mais me impressionou não foi somente a atitude desesperadora daquele simples pai de família, que vive catando lixo para sobreviver, mas muito mais a atitude daqueles que observavam aquela cena triste e nem sequer se compadecia daquela situação.
Como é grande a maldade nos corações! Vi algumas pessoas gritarem incentivando o homem a pular para a morte. Outros o criticavam, achando que ele só queria mesmo atrair a atenção de todos. Quanta indiferença percebemos no ser humano! Parece até que, aqueles que o criticavam, estão isentos de passar situações semelhantes às quais Daniel enfrentava naquele momento!
Por outro lado, pude observar também pessoas preocupadas com a vida de Daniel. Alguns levantaram suas vozes em oração para Deus livrá-lo da morte, levantavam cartazes para ele e falavam palavras de bênçãos para a sua vida, a fim de que ele ouvisse e chegasse a consciência de que Deus o amava.
Fiquei pensando comigo mesma: ele poderia não ter tanto valor para as pessoas, nem receber o amor que precisava, mas era alguém por quem Jesus Cristo morreu na cruz do Calvário para que ele tenha vida com abundância! Aí, sim, é onde reside o valor de uma simples criatura. O amor de Deus transcende a lógica humana e deixa confuso qualquer pensamento egoísta. Aqueles que, muitas vezes, consideramos simples e desprezíveis, são amados por Deus da mesma forma que nós.
Não somos melhores pela profissão que temos, cargo que ocupamos ou posição social. Deus não está interessado nisso.
O que vai contar para nós um dia é o quanto amamos e nos importamos com os outros. E, assim, ouvirmos Jesus dizer: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim”. Enfim, servir! É isso o que faz a vida valer a pena!