DISCORDANDO DO KARNAL
Leandro Karnal falando sobre “ateus” e a Divininha aqui comentando a fala:
Karnal: “É definitivo: não gosto do termo e ele nunca me descreveu. Como muitos sabem, a origem grega do termo indica uma ausência: “sem Deus”. Dizer que sou ateu (sem Deus) é tão esclarecedor quanto dizer que não sou chinês, não sou mulher, não sou cabeludo e não sou jovem. Existe um essencialismo que define a crença como a condição universal e absoluta e quem não a tem deve ser ateu. O problema é que a palavra ateu fala do crente, não seu oposto.“
Divina: Eu gostava muito do Karnal antes de ele ser famoso, não gosto mais... e não concordo com ele porque, na minha visão, ele usa esse discurso para não carregar o peso que a palavra “ateu” coloca sobre as costas de uma pessoa e que, no caso dele, prejudicaria demais sua ascensão como um guru de autoajuda chic, que foi o que ele se tornou, na minha opinião. Ele omite, a meu ver de propósito, que não tem uma multidão de pessoas, situações, políticas e relações sociais coagindo, constrangendo ou forçando a pessoa a ser chinês, mulher, cabeludo ou jovem (pelo menos não tanto) como acontece com o ser teísta. Não existe "achinês" porque ninguém diz que "Você precisa ter uma origem!", não existe "amulher" porque (quase) ninguém acha que quem não é mulher não é digna de confiança, não existe "acareca" porque ninguém diz que jamais votaria em alguém que não tem cabelo, e, embora tenhamos uma cultura quase criminosa do corpo e da aparência de juventude “sarada”, (quase) ninguém se atreve a dizer que uma pessoa vai pro inferno se morrer velha... E o Karnal faz de conta que ignora tudo isso. É o que eu acho.