PARA SEMPRE
Surgido no final da década de 1950, o movimento galgou, como um furacão, os topos das paradas, tanto no Brasil como no exterior. Foi no Japão que se manteve por mais tempo, começando a se apagar entre nós, ao final da década de 1960.
A essa altura, Tom Jobim, um dos fundadores do movimento, bem como Vinícius de Morais, parceiro do Maestro Soberano já haviam trocado a batida que caracterizou a Bossa Nova, por arranjos mais sofisticados. Tom enturmou-se com Chico Buarque. Vinícius enveredou, juntamente com Baden Powell pelos caminhos dos Afro-sambas; juntou-se a Carlos Lyra, para se afastar, de vez da Bossa Nova, com Toquinho.
O tempo se encarregou de apagar, aos poucos, aqueles que ainda interpretavam o movimento que abafou as gritarias de nossos ídolos do passado, substituindo-as por interpretações intimistas. Tom, Vinícius, Agostinho dos Santos, Pery Ribeiro, Maysa, Silvinha Telles, Baden Powell, Luiz Bonfá, Tião Neto, Mílton Banana, Nara Leão, Aloysio de Oliveira, Ronaldo Bôscoli, Édison Machado, Luiz Carlos Vinhas, Radamés Gnattali, Bené Nunes, João Gilberto e outros foram nos deixando, rumo ao descanso eterno.
Quem restou? Que me lembre, Carlos Lyra, Roberto Menescal e João Donato.
E quando este se forem?
Quem ainda ama Bossa Nova? Alguns aí pela casa dos setenta/oitenta anos, que insistem em conservar CDs e até LPs para ouvirem no sossego e na paz, enquanto os ensurdecedores barulhos das cidades modernas o permitirem.
Nesse momento, os olhos se enchem de incontidas lágrimas e o passado, já meio apagado das mentes cansadas, volta com toda a pujança, abafando as gritarias e os sons estridentes das guitarras e a monotonia dos intermináveis versos dos Raps.
Enquanto me restarem alguma energia e audição, vou ouvir Bossa Nova o mais que puder. É um repouso para os ouvidos e um passeio delicioso pelo passado cheio de belas imagens que a pós-modenidade tenta sufocar, mas não consegue..
Ave, Bossa Nova. Morituri te saluntant!