Tchau, Tristeza! - BVIW
Tema: Senhora Felicidade, posso entrar? (Crônica)
Eu andava no labirinto da vida, num caos total. A bagunça interior pulava pra fora na desorganização do armário, do criado-mudo, que graças a Deus era mudo. Roupas de quando eu tinha o manequim 38 ainda insistiam em habitar meu guarda-roupas e, nem se eu fosse uma centopeia, poderia usar todos os sapatos, sandálias e chinelos. Meu dia tinha mais de 24 horas e, muitas vezes, eu me sentia um gnu na savana africana, correndo loucamente dos leões, no solo, e dos crocodilos, nas travessias dos grandes rios.
O jeito foi me encarar e decidi buscar ajuda. Terapia, com direito à dor, choro, impotência. Com direito ao respeito, a entender que meus anseios eram legítimos, e autorizar a mim mesma ser mais saudável e feliz.
Depois que o calendário foi substituído por outro, bati timidamente na porta da Sra. Felicidade e a convidei para passear comigo por aí. A Sra. Tristeza, que um dia bateu na minha porta para uma visitinha e resolveu morar comigo, teve de dar o fora, pois na minha casa há somente um quarto de hóspede e a Sra. Felicidade resolveu ficar.
Eu e ela, no domingo, dançamos um samba bom, quando Seu Jorge chegou com aquele vozeirão e encheu a sala de música. Que boa companhia!