O fim do tesão no futebol
O futebol nasceu como uma prática elitista, mas com o passar dos anos se popularizou e chegou as camadas menos abastardas da sociedade. Mas como tudo na vida vira mercadoria e produto, não poderia ser diferente com esse esporte. Então jogadores que antes praticavam a pelota por amor, por desejo social de se divertir, enquanto tinham seus empregos nas fábricas, passaram a ganhar grandes somas de dinheiro e passaram a se dedicar totalmente a carreira de atleta.
Então passou o boleiro a ter que se afastar das noitadas, da bebidas e dos vícios e ser um profissional da bola. E junto veio a imprensa na cobertura das competições que foram se tornando importantes, como Olimpíadas e depois Copa do Mundo. E hoje em dia com diversos campeonatos de clubes, pelo mundo, em destaque, Premier League, Champions League, La Liga, Série A Italiana, Brasileirão, Libertadores, Mundial de Clubes Fifa, Eurocopa de seleções e por ai vai.
Em todos esses lugares, dinheiro corre solto e os torcedores viram crentes e fanáticos pelos clubes. Compram camisas, bonés, canecas, livros, se tornam sócios torcedores e dedicam parte do seu lazer a seguir o time de coração. Viajam para outros países, passam horas assistindo programas esportivos, podcats, ouvem rádios, leem as noticias nos sites, participam de grupos de WhatsApp. Por outro lado, o jogador, técnico, dirigente (em alguns casos remunerados), levam tudo como uma profissão como qualquer outra. O clube emprega médicos, fisiologistas, advogados, cozinheiros, jornalistas, faxineiros, roupeiros, motoristas, porteiros. Toda uma cadeia produtiva gira em torno disso.
Marcas divulgam seus produtos e serviços e tudo vai cada vez mais se tornando pratica de uma engrenagem que vai aos poucos alienando o futebol do que ele realmente era no começo, quando surgiu, uma diversão. Um entretenimento. Ninguém mais relaxa quando vai ver um jogo. É confusão, xingamento, brigas, apedrejamento de ônibus, perseguições de técnicos e atletas. E nunca o cronista está satisfeito. Nunca o torcedor está feliz. Acaba um ano e todos os títulos não servem mais, tem que ganhar outro. E se formam times com esquemas táticos cada vez mais com um único objetivo, o resultado. Perdeu-se o encantamento, o futebol belo de dribles, raiz, o futebol paixão morreu.