CAFÉ PARIS, NITERÓI, ANOS 1920

LEMBRANÇAS NOSTÁLGICAS DO CAFÉ PARIS

Nelson Marzullo Tangerini

Volta e meia as divertidas lembranças das noites de esbórnia do lendário Café Paris vinham à mente de Nestor Tangerini.

O poeta gostava de contar, com carinho e alegria, para a esposa e os filhos, os agráveis e frutíferos momentos que vivenciou ao lado dos “parisienses” de Niterói: os poetas Luiz Leitão, Mazzini Rubano, Mayrink, Luiz Pistarini, Brasil dos Reis, Renê Descartes de Medeiros, Mayrink, Olavo Bastos, Apollo Martins, Gomes Filho, entre tantos outros.

Suas anotações num pequeno caderno, inclusive, me levaram a escrever o livro “Nestor Tangerini e o Café Paris”, que acabou me inspirando na feitura de “Depois do Café”, uma segunda parte, que é uma continuação da vida artística do múltiplo artista na então Capital Federal.

Mesmo depois de tantos anos, estamos agora nos anos 1940, gostava de republicar em revistas e jornais sonetos de seus amigos de Niterói, como o fez certa vez com o soneto “Fiz de um jogador”, de seu amigo Mazzini Rubano, retirado da gaveta e publicado na p. 7 de sua revista de humor e sátira “O Espeto”, no dia 1º de maio de 1947.

E, assim, Tangerini apresentou seu amigo aos leitores cariocas: “De Mazzini Rubano, distinto poeta fluminense, humorista nas horas vagas. Falecido”:

“O Juca eu conheci – rapaz perdido,

mau jogador, que ao jogo não largava.

Cismou, num triste dia, decidido,

de acompanhar um bicho que não dava.

Mas o tal bicho andava foragido,

E o seu dia fatal nunca chegava.

Tudo que era do Juca foi vendido,

inclusive a casinha onde morava.

Jogou, jogou, jogou como ninguém,

até que, finalmente, se viu pobre,

‘pronto de tudo’, sem nem um vintém.

E, assim, não tendo mais o que jogar,

depois de haver perdido todo o ‘cobre’,

o desgraçado se jogou no mar...”

Em 15 de abril de 1947, na p. 7 da mesma revista, Nestor Tangerini voltaria a republicar mais um “parisiense”; desta vez, traz, novamente, à luz, o soneto “Elas”, do célebre poeta Lili Leitão, já reproduzido neste livro, na crônica “Um plágio”.

Da mesma forma, respeitosa, Tangerini apresentava o saudoso amigo: “De Luiz Leitão, grande humorista fluminense. Falecido”.

Como se sabe, o soneto “Elas” faz parte do livro “Vida apertada”, publicado pelo poeta em 1926, quatro anos depois da Semana de Arte Moderna. Reeditado, em 2009, pela Nitpress, “Vida apertada” foi lançado na Bienal do Livro daquele ano, em meio a um belo recital em homenagem ao “parisiense”.

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 23/01/2022
Código do texto: T7435609
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