A Caminho da Escola

Acredito que essa foto seja de bem do início dos anos de 1970. Não tenho a mínima lembrança do momento em que ela foi capturada, no entanto, de uma coisa sei, eu estava fardado para cumprir mais um dia de aula no meu Grupo Escolar de Antônio Bezerra.

Estamos na porta da morada, eu, meu irmão Wagner (menor) e o meu já falecido irmão Roberto (maior). Era uma vila que fica quase esquina com o cemitério do bairro e, bem em frente ao Patronato da Sagrada Família.

Para chegar no grupo a caminhada era bem interessante. A gente ia andando, chutando as coisas pelo caminho, mas, quando via um cachorro passava bem "divagazim" para não ser notado. No entanto, nem sempre essa tática funcionava, pois tinha um tal de Veludo no caminho, que ô cachorrinho safado do "mêi dozinferno", era carreira certa.

Daí a gente chegava num descampado grande, cheio de mato, conhecido como "Base Velha". Pelo seu meio existia um caminho feito pelos transeuntes, em especial alunos do grupo. De manhã bem cedo era bom demais, agora, ao meio dia, "putamerda", era quente que só. No final da tarde era beleza demais, principalmente quando a gente vinha de bando. Era uma correria louca, umas brincadeiras sem nexo, regada a umas risadas desmedidas. Agora, quer ver o bicho pegar, era um cabra frouxo do meu quilate ter que atravessar aquele espaço sozinho, fora dos horários de movimentos. Tinha uma casa no caminho, com um cajueiro ao lado, que diziam ser oriunda da guerra e, que em baixo dela tinha bomba, tanque, carros e outras coisas escondidas. Dependendo do informante e do nível do seu estoque de mentiras, tinha até avião supersônico.

As lembranças que guardo do trajeto até o grupo ainda me emocionam, mesmo após mais de 50 anos passados. No entanto, o melhor era chegar na escola, era bom demais. Se a gente chegasse cedo ainda dava para brincar um pouco e, dependendo da brincadeira, a gente entrava na sala debaixo de "carão", por estar suado e com a farda já imunda de suja. Para "butar" um magote de desembestados para dentro das salas de aulas, a vice diretora pegava uma sineta e tome a sacudi-la no bléim bléim infernal.

jrogeriobr
Enviado por jrogeriobr em 22/01/2022
Reeditado em 26/01/2022
Código do texto: T7434991
Classificação de conteúdo: seguro