Tempo bom esse de menino

Aproveitando o final de tarde para viver um pouco do muito que vivi, fui até o mais longe que minha memória conseguiu.

Quando finalmente acordei, depois do meu nascimento, percebi que a vida era algo natural e, que a gente devia vivê-la sem se preocupar em saber o motivo disso.

Eu nasci bem no meio, já tinha dois irmãos acima de mim e, vi chegar outros dois. Infelizmente o tempo varreu de minha mente a grande maioria das lembranças de criança, só sei que pude aproveitar essa fase sem sentir saudades de nada. Dinheiro era bem pouquinho, afinal, sustentar 5 macho não era tarefa lá muito fácil, principalmente para quem tinha sua vida estabelecida na parte baixa da sociedade. Só para se ter uma ideia do que vivi quando criança, a gente participava de tudo o que aparecia de novidade. Começando pelas brincadeiras, lembro da Bola, da arraia, do triângulo, do bozó, da figurinha, do bafo, do banco com dinheiro de carteira de cigarros, do major Felipinho, do rola bosta, do jôu, do balangutengo, do sete pecado, da xulipa, do arrêia, do esconde esconde, do mãos ao alto, do trepar nas árvores, do juda, do bingo, do dominó, dos dados, do disparate, do Baton, ruge ou sombra, dos banhos de bica no tempo de chuva, do patinete, das bicicletas alugadas no Biró, da guerra de mamona, de anda por cima dos muros, de subir na "cacunda" dos amigos, de jogar bola, vôlei, de tomar banho no rio e no mar, de esperar os morcegos derrubarem os sapotis, de ler revistinha, de chupar coco babão, de se esconder nas matinhas brincando de tudo no mundo, de pegar tijubina, de ver as matinhas talhadas de borboletas e de passarinho, dentre eles o galo campina, de brigar com raiva volátil, de fazer amizades eternas, que as vezes duravam até a mudança de ano na escola, de se cortar e ficar com mais medo do metiolate do que do cão, de ouvir músicas no rádio, de assistir Disneylândia, ritintin, zorro e tonto, Daniel Boone, de comer galinha com guaraná Champanhe no natal, de ganhar do papai Noel um carrinho e brincar com os colegas. Já me disseram que eu era pobre, só não consegui foi acreditar nisso até agora. Essa foi minha história de criança, não tenho outra para contar, só sei que foi assim!!!

jrogeriobr
Enviado por jrogeriobr em 21/01/2022
Reeditado em 26/01/2022
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