Poeta das ruas

Permita-me apresentar

Sou o poeta das ruas

Que vive a observar

As coisas leves e duras

Dessas coisas eu reciclo

Pra tornar belas palavras

Sentimentos de qualquer tipo

No movimento das águas

Vejo o velho na praça

Lendo seu alí o seu jornal

O palhaço a fazer graça

Vejo a aflição tão brutal

A menina a chorar

Por perder seu namorado

A criança a sorrir

Pelo brinquedo ganhado

Vejo o primeiro beijo

Na mais pura inocência

O homem vendendo queijo

Vejo o pai sem paciência

As flores a desabrochar

A grama que tá tão verdinha

O padre que tá a esperar

Os fiéis para sua missa

Vejo alí o engraxate

Que lustra o sapato no brilho

Vejo o bonde de tarde

E o assobiar de seu trilho

Vejo as damas da noite

A esperar os seus clientes

O frio que corta tal açoite

Vejo um bocado de gente

O poeta em seu abrigo

Com cobertor de papelão

Um mero e simples mendigo

A quem ninguém dá atenção.

Poemicida
Enviado por Poemicida em 21/01/2022
Reeditado em 22/01/2022
Código do texto: T7434023
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