A GOIABEIRA

A GOIABEIRA

A caçamba está cheia, ultrapassando a boca, com o que era uma grande goiabeira, que ficava em uma casa simples, em que diariamente passo, em minha caminhada.

O aroma de goiabas flui pelo ar, os galhos parecem esqueletos borrados de carmim dos frutos amolgados.

No espaço em que vivia a goiabeira agora vive uma placa anunciando mais um edifício, ainda sem nome. Provavelmente será batizado em inglês para parecer chique, quem sabe, “Guava Home”, em tradução literal “Lar das Goiabas”, creio que não, os interessados desistiriam da compra pois traduziriam, “Lar dos Goiabas”. Mas deixa isso pra lá, na verdade, parei ao lado da caçamba para ver se encontrava uma forquilha perfeita, aquela que quando menino, caçava em goiabeiras em pé. O destino da forquilha era fazer um estilingue nota 10, não para matar passarinhos, coisa que nunca fiz, mas sim derrubar as latas de óleo “SALADA”, que enfileiradas no muro de casa, ficava derrubando com cada vez maior precisão. Essas mesmas latas eram usadas para o jogo de taco, e adivinhem, o taco também era de galho de goiabeira, que mexendo na caçamba também cacei. Encontrei os dois, a forquilha e o galho ideais, não encontrei o menino, que se foi, mas deixou saudosas recordações.

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 20/01/2022
Reeditado em 20/01/2022
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