O laranjal do condomínio
Amigo meu trouxe a seguinte história.
Ao lado do prédio onde ele mora, está um prédio de padrão médio pra elevado. Uma estudante moradora lá, relatou a síndica que outra moradora dividiu o elevador acompanhada de um cachorro de porte médio. O inocente animal procurava fuçar sua parte pudenda, por mais que a dona tentasse evitar com um sorriso amarelo de desculpas.
Depois de tentar por meio dos interfones tentar cessar com o perturbador barulho, mesmo depois das dez horas da noite, recebeu um "háhá" evasivo do morador e o barulho continuou. A estudante levou o fato a síndica que afirmou que ía tomar
providencias. Não tomou e o barulho continuou.
Quando a pobre da estudante foi reclamar de novo com a síndica, recebeu a seguinte resposta: -Olha, tenha paciência. Isso vai passar logo! Além disso eles são amigos de um desembargador...
Todos no prédio já estavam acostumados com a vinda e ida de estranhos ao prédio. Sabia-se que o filho dos moradores do tal apartamento barulhento vendia muamba. A incauta menina então comunicou todo esses fatos à administradora que lhe respondeu que a queixa seria "enviada para o jurídico para análise".
Calhou de quatro dias depois a estudante recebeu uma admoestação ( com ameaça de ser multada) por tentar alterar a aparência externa do prédio. Ela tinha deixado a janela aberta e um daqueles fenômenos meteorológicos fez o vento mudar de direção e as cortinas ficaram abanando pro lado de fora como bandeiras.
Então apareceu uma equipe de advogados. Um escritório inteiro por assim dizer. Inclusive com a presença policial.
O pai da estudante é dono de uma fábrica de máquinas e apetrechos agrícolas. Tem parentes deputados no partido DEM.
Resumo da ópera. A dona do cachorro teve a alternativa de trocar o cão por um de menor porte e segurá-lo no colo ao usar o elevador.
O contrabandista está tentando se explicar pelo volume de mercadorias de origem indeterminada e a síndica foi primeiramente autuada por conivência e afastada do cargo.
A imobiliária está com sua "equipe jurídica" composta por um advogado de porta de cadeia, tentando justificar onde foi parar o e-mail da estudante, alegando que não tomaram providencias porque desconheciam as irregularidades. A síndica foi autuada novamente por ter a cópia do e-mail e tê-lo ignorado.
Foi levantado que esses "proprietários" não teriam condições de habitarem e se sustentarem em apartamentos em que o condomínio chega um pouco mais a três mil reais e esses citados eram aposentados pela Previdencia Pública e um ou outro pelo serviço público do escalão inferior.
O perfil deles é característico. São pessoas com mais de sessenta anos, aposentados e próximas a funcionários públicos de nível superior e de gestores do município.
É de se notar que todos esses aqui citados viviam só (de vez em quando com mais alguém) num apartamento luxuoso de três suítes, varanda gourmet e coisa e tal.
Por lei, aposentado proprietário de um só imóvel está isento do IPTU.
Alguém assalariado que adquira imóveis (a cada legislatura!) tem que declarar no imposto de renda e justificar a compra.
A priori, os ditos "proprietários" argumentaram que tiveram "herança" ou que juntaram dinheiro a vida inteira pra comprar um apartamento que lá variava de oitocentos mil a mil e quinhentos Reais.
Pessoal da Receita está lá. Chegou-se ao nome de alguns secretários de obras, prefeitos e funcionários do Fórum.
Já relatei aqui o caso em que um hospital público teve todos seus aparelhos de ar condicionado "substituidos". Os novos foram parar nas residencias dos funcionários e os usados que estavam lá estavam foram parar no hospital.
Agora a moda é a Netflix. Antes eram a tv a cabo. Toda repartição pública tinha a tv a cabo tão quanto seus funcionários, pago pelo erário público.
E continuo escutando; É a lei. Nada podemos fazer.