RECORDAÇÃO
Como o tempo passou rápido, um dia fomos crianças e brincávamos alegremente pelos vales da esperança, andávamos flutuando pelas trilhas floridas da infância e sonhávamos com os pássaros voando livremente, admirávamos as borboletas bailando graciosamente pelos jardins por onde passávamos, despertando às flores que desabrochavam para embelezar a natureza.
Como foi linda e magnífica aquela época, tão simples e tão rica, que bordou nas nossas mentes às imagens coloridas dos nossos sonhos, onde tudo acontecia referenciado pela alegria de viver, guiada pelas transformações que aconteciam a cada ciclo da nossa existência. Cortinas que se abriam anunciando um novo espetáculo coreografado pelo destino. Percorremos caminhos desconhecidos que a cada passo nos revelava os segredos da vida, seus encantos que nos deslumbrava; suas maravilhas desconhecidas que aos poucos íamos descobrindo.
Recordo das pedrinhas que jogávamos nos regatos que fluíam a nossa frente o borbulhar das águas cristalinas que para a nossa inocência era algo sobrenatural, como se aquele fenômeno fosse uma fonte misteriosa que era anômalo ao nosso saber. E tudo foi se metamorfoseando diante do nosso ingênuo olhar, que nos tornava cada vez mais ansiosos para descobrirmos as vertentes da nossa existência.
Os Ipês floridos que matizavam nossos vales com às suas belíssimas cores nos fascinavam e mudavam a paisagem bucólica num cenário cinematográfico que nos induziam a utopia e a fantasia, vivemos momentos de intenso dinamismo que nos capacitava a enfrentar os desafios que surgiam a nossa frente, mesmo sem sabermos as consequências dos nossos atos e atitudes. A cada dia que nascia, surgia um novo sol e com ele mais um parágrafo e um capítulo de um livro onde os personagens e atores eram reais, pois era a nossa própria história que estava sendo escrita sem que percebêssemos estávamos criando e interpretando nosso próprio script.
Hoje percorrendo os alfarrábios das minhas lembranças e folheando às suas páginas já amareladas pelo passado me encontrei com aquele moleque de calças curtas, que corria e sonhava com o brilho das estrelas do futuro, que se apaixonava pelo encanto daquela lua feiticeira, que resplandecia seus raios nas serras, nos montes, no mistério das matas, nas águas claras do mar, todo o seu fascínio, tinha no seu cintilar a magia da deusa da sedução. Infelizmente essa época está acabando, quem teve o privilégio de vivê-la, jamais a esquecerá a plenitude de sua beleza mística.
Mas aos poucos tudo foi se modificando dando lugar a verdadeira realidade que nos aguardava, jamais seremos os mesmos de antigamente, o individualismo e o egocentrismo que norteia a formação da raça humano aos poucos vai nos destruindo e transformando o mundo num imenso deserto de sentimentos.