POETA CONSERVADOR, POESIA SOCIALISTA
Meu filho Antonio Júnior, de dezoito anos, surpreendeu-me nesta tarde quando fiz para ele e minha esposa a leitura de dois poemas de minha lavra. Ele que é muito calado deixou-me impactado com seu comentário: "— pai o senhor é conservador, mas a sua poesia é socialista". Confesso que fui surpreendido pelo seu comentário, o que levou-me a refletir sobre a sua contundente opinião. Não demorou muito para que eu entendesse que ele realmente tem toda razão. A minha poesia é por demais socialista. Mas por que, então, escrevo assim? — Fiquei a questionar-me . E a única resposta que obtive foi esta: é porque escrevo com a alma. Com minha alma deslumbrada, apaixonada, e, por muitas vezes, indignada.
Um dos poemas que li foi este:
A TERRA É DA TERRA
O homem pensa que da terra
É o seu legitimo dono,
Mas vem a morte e lhe leva
E se senta outro no trono.
A terra pertence a terra,
A terra não é do homem;
El’ morre e não leva nada,
A terra fica e lhe come!
De que vale fazer guerra
Por um pedaço de terra
Pra ter fortuna, dinheiro?
Se a morte a ganância encerra,
Se a terra pertence a terra,
Não ao pobre fazendeiro!
— Antonio Costta