Cada um tem a barriga que quer

Cada um tem a barriga que quer

Acordei até bem hoje, levando-se em conta as poucas horas de sono dormidas ultimamente. Mas tenho planos pela frente. Programei com minha prima uma ida à Pirenópolis, e convidei mais duas amigas. Mesmo com a instabilidade do tempo, mantivemos nossa proposta. Criamos até um grupo no WhatsApp, para facilitar nossa comunicação, e monitorar a motivação. Sinto que me excedo neste quesito, por isso quero passar um pouco para os demais. São pessoas muito queridas, com as quais me sinto bem à vontade.

Vai ser muito bom. Vamos nos hospedar em um casa da cidade, pequena, porém bem agradável. Pensei que poderia até perder umas calorias, fazendo uns trotes e caminhadas pelas trilhas de “ Piri”. Por ser um lugar propício à reflexão, relaxamento, descontração e descanso, com uma paisagem de beleza rara, repleta de cachoeiras, ruas e casas que nos remetem ao século passado. A cidade, passou um tempo esquecida, apesar de ter sido o berço da música Goiana, mas foi redescoberta por volta de 1970, com a vinda da capital para Brasília. Hoje é famosa por seu turismo, esbanjando belíssimas cachoeiras, trilhas, e por suas pedras, o quartzito.

Assim pensando no mágico passeio, fui, no dia anterior à viagem, ao mercado comprar umas coisinhas, como cenoura, beterraba, gengibre, maçã e lemon paper, para fazer uma saladinha bem light, firmando assim uma proposta vinda de mim mesma : perder um quilinho de gordura, pelo menos. Peguei os vegetais frutas, já me achando magérrima. A pessoa é o que ela pensa, não é mesmo? Enfim, passando pelo caixa, a moça foi somando tudo. No final ela perguntou, ao me ver com o cartão em mão: Crédito ou débito? Na verdade, só escutei o “ cré..”, porque olhei um pacote, já posto na esteira do caixa, com plástico transparente, que deixava beeeeemmm visível o seu conteúdo. Eu não tinha certeza, mas me parecia muito um barriga de porco, bem fresquinha, esbanjando aquela capa gorda deliciosa só de olhar. Meus olhos não viram mais nada, meus ouvidos mal escutaram a moça do caixa perguntando bem longe “éditooo ébitoooo? “Vi um rapaz na fila, com músculos à mostra, atrás de mim e presumi que fosse o dono daquela formosura, então perguntei descaradamente, apontando para o pacote: “ É barriga de porco?” E ele respondeu: “Não sei... Não é meu, é dela “ - e apontou para uma mulher jovem, na casa dos 35, de rosto rechonchudo, barriguinha proeminente, vestido larguinho e um sorriso farto, que falou: “ É meu. É barriga de porco, sim! “ E eu perguntei: “ Sabe fazer?” Ela disse que era a primeira vez, mas que ia temperar com bastante, alho, louro, páprica, e depois assaria na churrasqueira, para saborear o torresminho” Eu,com a boca salivando, falei que minha sobrinha Carolina fazia muito bem, mas assava no forno, e era de se comer ajoelhado. A dona da perdição só comentou, já com um brilho no olhar: “ É mesmo? Nossa!” Nisso, senti a moça do caixa me cutucar e perguntar, quase gritando, talvez achando que eu fosse surda: “ É crédito ou débito, minha senhora?” Eu, respondi crédito, paguei e e saí dali com minhas compras, imaginando como seria bom se eu fosse amiga daquela moça da fila. Talvez ela me convidasse para o churrasco. Eu, com certeza levaria a minha salada, porque não gosto de chegar com as mãos abanando...

Fátima Nunes

Fátima Nunes
Enviado por Fátima Nunes em 18/01/2022
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