Salão Esterlei - O futuro do Barbeiro ou o Barbeiro do futuro?

 

O futuro do barbeiro chegou.

Estamos vivendo os tempos modernos para este profissional que empunha a bandeira de uma das mais antigas profissões, que é a arte de cortar cabelo. De visão nostálgica, o barbeiro desempenha um grande papel na sociedade, à quem abdica de seus hábitos para manter nosso charme. Nos embelezam durante as semanas, desde o início até o fim de cada ano. Faça chuva ou faça sol. Hoje, frequento o Salão do Esterlei. Fica aqui na esq. av. Cachoeirinha com Bernardo Vasconcelos, bairro Santa Cruz, em BH..

Apesar de ser barbeiro desde os tempos em que se fazia barba com navalha afiada no pau de pita, Esterlei é um cara bem atual.

Está sempre acompanhando a evolução dos cortes de cabelo. Hoje em dia, além de oferecer um belo trato no cabelo, barba, e bigode, os barbeiros têm que dar um trato também nos cílios, sobrancelhas, etc...

Duro é aguardar um cliente novinho desses, desocupar a cadeira de barbeiro com menos de 2 horas.

Ele gosta de moto e dar um passeio nos finais de semana, para “Ester é lei”.

Ele possui uma Yamaha Royal Star 1300, peso de 300 kg., preta, lá dos anos70 ou pouco mais.

É sempre bom bater um papo com ele que, com sua experiência de vida, tem sempre causos pitorescos.

O salão dele é unissex. Atende às crianças, homens, mulheres e à uma diversidade de gente, para fazer tanto sucesso.

È muito bom de tesoura. Mas meu barbeiro não é ele.. Meu barbeiro mesmo é o Ivair, outro também motociclista, um pouco mais novo, com o qual adaptei-me muito bem. Ele é especial. Até hoje atende a geração dos setentões. É que no nosso caso – careca ou quase careca de todo – o barbeiro não pode correr o risco de nos cortar sequer, um fio de cabelo a mais. Depois da careca aparecer, só depois de 6 meses para termos o cabelo restituido. Aí você pergunta: que cabelo ele corta, então? Os barbeiros desta turma da “melhor idade” cortam quase somente, os fios de cabelo que nos saltam pra fora do nariz, orelha, barba e pescoço. Depois disso, joga um talco na nuca, bate aquela escovinha fazendo-nos cócegas no cangote, bate o avental e pronto. Neste momento que estou escrevendo, faz um tempo que ando sumido do salão. Nas últimas semanas, passei aqui por pelo menos três vezes e não encontrei meu brother Ivair. Na última delas, resolvi arriscar com outro barbeiro - o Vagner - que já tem um relativo tempo de casa. Esse barbeiro ocupa a última estação de trabalho no fundo do salão. A gente assenta de costas para a rua e o espelho registra o “entra e sai” na barbearia.

Foi nessa cadeira que me alojei e “papo vai/ papo vem”, eis que - não menos de repente - quem entra na casa?

Ele mesmo! O próprio Ivair, meu barbeiro. Ele se aproxima, minha respiração acelera como que se estivesse fazendo alguma coisa errada, joguei depressa o avental branco para encobrir a cabeça, o Vagner puxa a tesoura para fora do pano e disparamos a rir da molecagem.

E agora? Imaginei.

O Ivair pergunta: tá rindo de que? Quem tá aí?

O Esterlei pergunta: tão brigando por que?

O Ivair repete: que cara é esse aquí?

Puxa o pano e... Ah seu Zé é o senhor? Traíra hein seu Zé! Traira.

Peguei no flagra. De agora em diante, o senhor pode continuar com ele. Esqueça de mim!

Retruquei: continuo sim. Ele corta cabelo muito bem, viu? Melhor que você. kkkkk.

Saí à passos largos pelo fundo do salão e não volto, tão cedo, naquela biboca. 

Esterlei que se dane com seus cupinchas rs, rs, rs.