O FIM DO ROCK

O FIM DO ROCK

Leio pelos jornais que ontem ou anteontem foi o "Dia do Compositor"... pobre figura que passa a vida inteira sem ver uma só canção sua gravada ou tocada em Rádios ou na TV. Estou nesse rol e não vejo como "driblar" tal Destino ! No sonho desta madrugada meu irmão conhece jovem membro de uma Banda esquisita de rock e me apresenta, estou procurando quem possa tocar algo meu. Na tal Banda duas velhotas meio gordas, um rapaz magrelo e arrogante já pelos 30 anos e o tal rapaz, que era vendedor numa boutique elegante, da qual meu irmão era o servente, officeboy. Resumindo, cheguei a falar com o dono da tal Banda, um "polaco" espigado -- o baterista, segundo o jovem -- que recusou minhas letras. Acordei às 1,16hs de hoje só para reconhecer o fim definitivo do ROCK, com 80, 100, 150 Bandas de alto nível e qualidade musical nos anos 60/70, todas ENTERRADAS para sempre, não fosse o salvador YOUTUBE.

O Rock jamais conseguiu ser música DE RÁDIO e essa foi a razão maior para seu fim... algumas poucas melodias conseguiram furar tal bloqueio -- fora os Beatles, que poucos rockeiros admiravam e curtiam -- e o que sustentou a cena rockeira desde Woodstock foram milhares de shows e a vendagem de LPs e compactos, ambos bem caros, daí o rock ser algo ligado á classe média da época. O pobre nacional ouvia sambas ou, quando muito, música sertaneja. Quando "estourou" nos Estados Unidos o FUNK, com James Brown e Stewie Wonder à frente -- música do povo pobre americano -- abraçado pelas Rádios no Mundo inteiro, o Rock levou seu primeiro baque... a coisa evoluiu para a tal Disco Music e o Rock sumiu do cenário pra valer.

Nos anos 80 Bandas de Heavy Metal por algum tempo "deram o ar de sua graça", mas enfrentaram na cena inglesa 2 inimigos mortais: o "punkrock" feito de gargarejos e "arrotos" á guisa de canto e Bandas afeminadas mais preocupadas em lançar moda do que em fazer música... DE ROCK ou de qualquer tipo ! Saí do Rio em dez./1983 com apenas dois programas de rock entre mais de 15 Rádioemissoras de lá e cheguei a Belém com 1 só programa, sábados de tarde, na modesta Rádio Vultura FM, com a "disco music" açambarcando tudo, fora o Brega, bem forte na época.

O Mundo girou... os shows de rock na Praça da República se extinguiram, os no SESC-Doca e no CENTUR também, uma ou outra Banda rockeira internacional veio a Belém nesse tempo e o que temos hoje para ouvir é ROCK COREANO, o "GangStyle"... meninos de brincop e batom "reprisando" a cena inglesa dos anos 80. É isso ou música americana de "raiz negra" -- na verdade árabe, dos "muezins" maometanos, muçulmanos -- mal disfarçada nos raps e "houses", com "slammers" metidos a repentistas. MELODIA... pra quê ?! Basta declamar texto quilométrico, com um tecladista marcando a letra nota a nota, qual aluno de primeira aula de piano.

Nas ruas, nas casas, lojas, me vejo obrigado a ouvir "isso" que veio substituir a dançante "Discomusic" de belas vozes e ótimos arranjos.

O rockeiro antigo, que menosprezava o blues "da família KING -- do eterno BBKing, mais Freddie e Albert, entre outros -- agora tem que suportar uma frase repetida 8, 10 ou 15 vezes, como se fosse algo genial, "bebê" ! Realmente, "sinto vontade de jogar o celular na parede"... isso é TORTURA em forma de "música" ! E o novo Rock'nRio de tantas glórias vem com ANITTA e outros do mesmo naipe. Pobre Erasmo Carlos, glória nacional achincalhada neste mesmo palco... "eu não posso mais ficar aqui a esperar nessa estrada triste, preciso lembrar que eu existo" a todo instante, que não sou um morto-vivo, um "zombie" !

"NATO" AZEVEDO (em 17/jan. 2022, 6hs)