HORA NONA

Reflexão para o Dia de Finados

Prof. Antônio de Oliveira

Cai o pano. Morte, antivida, mas também plenitude. “Esplendor e sepultura”, paradoxo criadopor Olavo Bilac, refere-se à metáfora “última flor do Lácio”. Limitação de minhas limitações, de meu mundo, de meu ciclo de vida, de minha comunicação. Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo, citação que serve de epígrafe ao Dicionário Houaiss. Nosso prazo de validade começa a contar a partir da hora em que nascemos.“Não podemos acrescentar dias à nossa vida, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias”, constata Cora Coralina. É isto: a gente nasce e morre sem pedir licença. “A morte de cada um já está em edital” (Guimarães Rosa). Eu acrescentaria: criptografado.

Para tudo há horas e há dias e há noites!... Tudo tem seu momento, sua fase terminal, seu fim de linha, como numa olimpíada; sua vez sem viés, sua hora final, hora do silêncio, hora em que também os médicos silenciam. Gestores do terrorismo psicológico, tumultuamos o ritmo dos acontecimentos, sofrendo por antecipação ou sofrendo sem resignação. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” Variante: quem sabe faz a hora e faz a leitura do acontecer.

Nunca é tarde para novas aprendizagens. Uma maneira eficaz de pensar nos finados é dimensionar que também este é o nosso destino e que, “esperando viver, nunca vivemos”. Na prática, cada dia é uma lição de vida, de relacionamentos. Filosoficamente falando, de exercitar a arte de viver, a maior das artes. De mudar o mundo pela comunicação não-violenta, título da obra de Marshall B. Rosenberg. Não julgueis e não sereis julgados.No Dia de Finados concentro-me neste foco:Sejamos tolerantes com os vivos. A frase suscita interpretações. Quanto aos finados... Deus os tenha!

02/11/2021

Antônio Oliveira MG
Enviado por Antônio Oliveira MG em 16/01/2022
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