Consciência.

Quem não ouviu a famosa frase: “Por a mão na consciência”, no sentido de fazer uma reflexão do comportamento, visando corrigir erros praticados num momento de fraqueza humana, produzindo-se, assim, uma oportunidade de construir algo útil e voltado para o amor e o respeito pelo outro semelhante, pois somente nossa consciência significa o elo de nossas decisões, funcionando nesse lado psíquico como um pêndulo que mostra o lado bom e o lado ruim das coisas.

Essa virtude inerente ao ser humano é que volve o equilíbrio nas ações das pessoas que se auto-questionam diante de determinadas atitudes, mas diante do livre arbítrio de cada um quanto a esse dom intrínseco da alma, essa consciência passa a sofrer desgaste de intensidade e de uma forma individualizada vai cedendo ante os níveis constantes de experiências negativas que em muitos casos são mais tentadoras, levando o homem a tornar-se volúvel e quanto maior o volume de desprendimento da moralidade, maior a sua falta de consciência.

Se esse mal fosse curável ou dependesse de diagnóstico estaríamos próximos de uma possível solução válida e eficiente e a humanidade estaria salva dos vilões que têm aparecido em nossa história, pois essas pessoas – alguns são líderes natos – não medem as conseqüências dos seus atos, ou melhor, não têm consciência de suas atitudes e tomam decisões que são amplamente prejudiciais ao homem que vive em sociedade. A nossa história é composta de épocas de intensa insensibilidade humana, onde muitos estadistas foram capazes de promover a guerra, ou até as desprezíveis desigualdades entre as pessoas, alijando da sociedade os pobres, os fracos fisicamente, os doentes, as crianças etc.

Qualquer pessoa é capaz de debruçar a cabeça sobre o travesseiro e refletir sobre a sua conduta e muitas delas não conseguem dormir quando deparam com situações que sabem ter prejudicado alguém, outras, porém, estão tão atreladas às suas hipocrisias que já conseguiram interromper o seu ciclo de consciência e já não houvem mais seu interior, sendo capazes de dormir depois de praticar atos de barbáries contra seu semelhante. Isso explica quando aquele assassino que acabou de praticar um homicídio com requintes de crueldade, demonstra indiferença com o sofrimento da vítima e ainda a frieza para negar os fatos, ou então expõe sem nenhum receio a falta de arrependimento.

Assim, podemos dizer que a pessoa que é maldosa não tem consciência, pois jamais se recrimina, já que sua alma está manchada pela indiferença, pela torpeza e pela ruindade. Nesses casos, os mais otimistas procuram encontrar fórmulas de recuperação e penso que não existe ninguém irrecuperável. Existe sim muitos que não desejam se recuperar. Destarte, o primeiro passo é trabalhar o espírito dessa pessoa porque a consciência nada mais é do que a manifestação do espírito bom. Creio que o primeiro passo para o tratamento é fazer essa pessoa enxergar além da matéria.

Não sou pregador. Não sou pastor nem padre, sou apenas uma pessoa preocupada com a maldade humana. Talvez, por trabalhar há muito tempo com a área criminal e ver a cada momento as mais estúpidas formas de se cometer um crime, é que tenho procurado despertar para o problema da criminalidade, na tentativa de achar meios de reduzir o ódio e o rancor do íntimo de cada pessoa, pois “o crime não compensa” – diz o adágio popular. Quanto ao criminoso julgo bastante valiosa a presença das igrejas nos presídios. Muitos deles se recuperam quando encontram palavras de bondade no antro do cárcere.

O mais doloroso de tudo isso é que a falta de consciência não é só daqueles que cometem crimes, mas também de muitos homens públicos que se elegem para promover o bem social e acabam promovendo o bem pessoal. Nestes casos, a questão toma rumos indefinidos, pois o criminoso comum vai preso e é obrigado a responder por seus atos, antes as regras da sociedade. Já os chamados “colarinhos brancos” estão amparados pelas imunidades e acabam se escondendo debaixo da proteção casuística e muitas vezes corporativistas, deixando de dar valor a essa questão da consciência.

Enfim, graças a Deus ainda temos pessoas conscientes que deitam e dormem tranqüilas, porque sabem que durante o dia fizeram só o bem. Estas almas bondosas são as que promovem o equilíbrio, pois se existe gente inconsciente semeando ruindade, existe outras ajudando os ofendidos a se levantarem do último tombo.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 19/11/2007
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