FREUD É PARA OS FRACOS
DE ITAGUAÍ PARA TODO O BRASIL
Nelson Marzullo Tangerini
Tenho encontrado pelo caminho, não as pedras de Drummond, mas algo pior: pessoas que não leem jornais, revistas ou não assistem a um telejornal. Refiro-me a bolsonarentos empedernidos, de quatro costados, que, talvez, não queiram receber notícias “negativas” do mito (deles) através da mídia “vermelha”: pessoas do “núcleo duro”, que não querem abandonar sua crença falida e sua ignorância.
Digo “bolsonarentos”, termo criado por professor de língua portuguesa, que explica que o sufixo “ista” é mais adequando aos que trabalham: dentistas, analistas, motoristas, enquanto o sufixo “ento” é mais adequado para os portadores de doenças graves – mentais, talvez. O termo sugerido pelo professor não é nenhum neologismo, uma vez que os portugueses chamavam os salazaristas de “salazarentos”
Para estes “bolsonarentos”, portanto, pouco importa se o presidente incentive queimadas e desmatamentos ou que libere as fakenews contra as vacinas. Ou mais: que os filhotes da besta, apadrinhados pelo orgulhoso pai, estejam envolvidos com rachadinhas, fábrica de chocolates ou milícias – digitais ou não.
Durante estes últimos anos, o presidente, que diz que há 3 anos não lê um livro, vem causando, sistematicamente, e conscientemente, grandes estragos na Saúde, na Educação, na Cultura e no Meio Ambiente.
O festival de asneiras foi lançado, e faz muito sucesso nesse palco de artistas incompetentes. E encontramos adeptos nessa plateia doente, saudosa dos duros e tristes governos dos generais, que deixou inúmeros mortos e desaparecidos e um cem números de brasileiros com sequelas graves, devido às mais diversas torturas. Carlos Alberto Brilhante Ustra, o mais temido de todos os torturadores, é o ídolo dessa plateia enlouquecida.
A ladainha é a mesma desde o início de 2019: “Pelo menos tiramos o PT!” Preferi chamar essa cantilena de “ladainha” porque tenho respeito ao mantra, por este nos elevar o espírito.
Agora, sabendo de sua inevitável derrota, o tresloucado presidente tenta, com mais rapidez, acelerar a destruição de tudo o que encontra pela frente, sob o olhar contemplativo e pacífico de militares e pentecostais – para que o próximo presidente possa fracassar fragorosamente em sua missão de tentar pôr o Brasil nos trilhos.
Nas ruas, encontramos os pentecostais distribuindo seus jornais e ainda arraigados à ideia de que o mandatário é um enviado de Deus ou que o PT representa a comunização do país, que caminha a passos largos – Ora, céus! – para tornar-se uma nova Cuba ou uma nova Venezuela.
Sobre os pentecostais, um pastor ganancioso, idiota e desinformado – Brecht o chamaria de “analfabeto político” -, divulga, através da TV que veicula suas baboseiras, a tese de que a vacinação de crianças representa um infanticídio.
O circo dos horrores parece não ter fim. Até porque este governo é sustentado pela mais fina – ou grosseira? – representação do mal: gente disposta a liberar seus orgasmos enquanto assistem, pela tv, a enterros de vítimas da Covid 19. O que nos leva a crer que a Covid 17 é muito mais letal.
Enquanto o astronauta de mármore, frio, perdido, alienado, viaja em torno da atmosfera da terra plana, milhares de seres humanos morrem sem oxigênio e de fome, esses, vítimas do desemprego que grassa, sem qualquer graça, pondo a nossa gente na mais absolta e rastejante miséria.
Viver sem razão é o que importa para eles: são a favor do fim das reservas indígenas e quilombolas – o ditador declarou publicamente, inclusive, que estes não teriam 1 cm de terra em seu governo -, da proliferação das armas para os “cidadãos de bem” – muitos deles fazem arminhas com as mãos dentro das igrejas -, e da caça animal.
Chamar esse governo de folclórico é macular a Antropologia, ciência séria, que estuda a produção cultural da humanidade.
Em 3 anos, o hospício de Itaguaí, a Casa Verde, do livro “O alienista”, de Imortal Machado de Assis, robusteceu assustadoramente. Era desejo do ditador levar Colégios Militares a todos os estados da Federação. E acabou criando Casas Verdes por todo o país. Seus enfermos são liberados para saírem do manicômio e participarem de motociatas em defesa da intervenção militar, da volta da ditadura, da volta do AI5 e babarem os ovos do genocida. Enfim, os seguidores de Jair Bacamarte só podem ser analisados através da luz – e eles odeiam a luz -, da psiquiatria, pois Freud é para os fracos.
Faz escuro, novamente, mas nós, libertários, continuamos cantando. Liberdade sempre!